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Falta de mão de obra deixa vagas de trabalho ociosas em Alagoas

Profissões como mecânico e eletricistas estão cada vez mais difíceis de ser encontradas

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O mecânico José Miguel da Silva, de 69 anos, tem uma oficina no bairro da Gruta, em Maceió, e não consegue dar conta dos serviços que aparecem. Trabalhando só, ele tem agendado conserto de veículos para semanas, por falta de profissionais no mercado.

José Miguel já pensou em fechar o estabelecimento, porque devido à idade, muitos serviços ele já não consegue executar. "As pessoas confiam no meu trabalho, e não dá pra colocar qualquer profissional. É preciso que tenha qualificação. E isso está difícil de se encontrar", ressalta.

A falta de mão de obra não é sentida apenas por José Miguel. Levantamento feito pela Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Qualificação de Alagoas (Seteq) para a Gazeta mostra que mecânico de auto encabeça o ranking das vagas mais ociosas no estado.

Feita com base nas vagas ofertadas pelo Sine Alagoas, a pesquisa revela que profissionais como eletricista, eletrotécnico e soldador são difíceis de se encontrar no mercado. "Mecânico bom geralmente não quer trabalhar para ninguém. Abre sua própria oficina", lamenta José Miguel.

A profissão é uma das ofertadas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em Alagoas. Este ano, 22 pessoas estão se especializando para ingressar no mercado. O número, no entanto, é menor do que o registrado no ano passado, quando 24 profissionais buscam habilidade na área automotiva.

“A formação profissional oferecida pelo Senai Alagoas é decisiva para o fortalecimento do setor produtivo, pois não só entrega mão de obra qualificada e preparada para os desafios tecnológicos, como já coloca Alagoas entre os melhores do Brasil", ressalta a diretora de Educação e Tecnologia do Sesi Senai, Cristina Suruagy.

Pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que 57% das empresas dos setores de comércio, serviços, indústria e construção consultadas indicaram dificuldade em contratar ou reter colaboradores. Construção segue na frente, com 82,4%, seguida pelo varejo ampliado (77,3%), indústria (76,8%) e serviços (76,5%).

Dessas empresas que relataram dificuldades, 64,9% afirmaram ter problemas em encontrar mão de obra qualificada; 18,5% citaram mão de obra não qualificada, e 9,4% afirmaram que o problema é bancar os salários demandados pelo mercado. Esse último fato é citado principalmente por empresários do setor de serviços, com 10,9% de respostas.

“Ficamos surpresos com o grau de disseminação dessa preocupação entre os setores”, afirma Rodolpho Tobler, coordenador das Sondagens Empresariais e de Indicadores de Mercado de Trabalho da Superintendência Adjunta para Ciclos Econômicos (FGV IBRE).

Ele conta que é a primeira vez que esse quesito especial foi aplicado para todos setores analisados nas Sondagens. “Vínhamos observando o aumento das menções à mão de obra como fator limitativo no caso da construção e em serviços, e vendo a taxa de desemprego alcançar mínimos históricos, identificamos que valeria a pena ampliar essa sondagem".

Tobler afirma que o resultado observado – com alta participação do comércio, por exemplo – sugere que o perfil buscado pelas empresas não necessariamente se refere a uma super qualificação. “Muitas vezes, a necessidade daquele negócio está mais relacionada a algum tipo de treinamento específico”, diz. Tobler comenta que construção e comércio, que lideram as assinalações de mão de obra como fator limitativo, são atividades que em geral registram maior nível de rotatividade de mão de obra, o que torna a aquisição desse capital humano ainda mais complexa.

Nessa sondagem especial, também se buscou identificar quais os principais impactos e soluções que as empresas têm buscado para mitigar a falta de trabalhadores. “O que percebemos é que as empresas tendem primeiramente a buscar uma solução interna”, diz Tobler.

No agregado das respostas, a alternativa mais citada é a de investir em capacitação interna, com 44,6%. Na indústria, esse tipo de iniciativa alcança 56,2% de assinalações. Realocar trabalhadores e mudar processos para reduzir a dependência de mão de obra vêm na sequência também estão entre as estratégias mais citadas, respectivamente, com 20,4% e 18,8% o agregado dos setores.

Veja as vagas com mão de obra mais escassa em Alagoas

1 Mecânico de auto

2 Eletricista

3 Eletrotécnico

4 Soldador

5 Designer Gráfico

6 Encarregado de Manutenção

7 Pedreiro

8 Caldeireiro

9 Sommelier

10 Vendedor Externo

Fonte: Sine Alagoas

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