loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
sexta-feira, 12/12/2025 | Ano | Nº 6118
Maceió, AL
23° Tempo
Home > Economia

Comércio exterior

México aprova aumento de tarifas contra Brasil, China e outros países

Medida afeta 1.463 classificações tarifárias em 17 setores, sendo que 316 deles não têm impostos hoje

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp
China exportou mais de 400 mil veículos para o México entre janeiro e setembro,
China exportou mais de 400 mil veículos para o México entre janeiro e setembro, | Foto: — Foto: Divulgação

O Senado do México aprovou na quarta-feira (10) o aumento das tarifas de importação sobre Brasil, China e outros nove países com os quais os mexicanos não têm acordo comercial.

A medida levou uma série de indústrias no Brasil a buscar mais clareza sobre as consequências para seus negócios, sem entender a extensão das tarifas.

O projeto de lei, votado em meio à pressão comercial dos Estados Unidos, foi aprovado por 76 votos, 5 contra e 35 abstenções, em uma sessão que se estendeu até a noite.

Na terça-feira (9), a Câmara dos Deputados já havia votado a proposta da presidente Claudia Sheinbaum, que agora precisa publicá-la para que as novas tarifas entrem em vigor em 1º de janeiro de 2026.

Além de China e Brasil, os países afetados incluem África do Sul, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Índia, Indonésia, Nicarágua, Tailândia, Taiwan e Vietnã.

As tarifas afetarão 1.463 classificações tarifárias em 17 setores como automotivo, têxtil, vestuário, siderúrgico, plásticos, eletrodomésticos, móveis e calçados, entre outros, principalmente produtos chineses. Dessa relação, 316 classificações não têm cobrança de impostos atualmente.

O impacto que o tarifaço mexicano pode ter para o Brasil ainda é difícil de estimar, uma vez que os países têm acordos setoriais em vigor, entre eles um automotivo. Autoridades do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e lideranças do setor privado ainda tentam entender se os produtos alcançados por esses acordos ficarão livres das novas tarifas.

A proposta inicial incluía taxas de até 50%, mas a maioria foi reduzida para cerca de 20% ou 35%, e apenas em alguns casos a taxa original foi mantida, como é o caso dos carros. A cobrança no nível mais alto visa impactar principalmente o mercado chinês, responsável por 20% das vendas de veículos no México em novembro, de acordo com a Associação Mexicana de Distribuidores Automotivos.

O México foi o maior comprador mundial de carros fabricados na China no primeiro semestre deste ano, segundo a consultoria Automobility, de Xangai.

O Ministério do Comércio da China afirmou que a medida traz "prejuízos substanciais" e lamentou a decisão unilateral mexicana.

No Brasil, as montadoras buscam entender se as tarifas afetarão o acordo bilateral vigente desde 2003, que prevê livre comércio no setor automotivo, incluindo peças e maquinário agrícola.

Representantes da Anfavea (associação das montadoras) avaliam que as taxas não se aplicam nesse caso, mas têm encontrado dificuldade em acessar os termos definidos no México. Caso não haja incidência sobre a indústria automotiva, há a percepção de que a cobrança sobre importados chineses possa favorecer o país.

Entre janeiro e outubro, 66.474 veículos produzidos no Brasil foram exportados para o mercado mexicano, de acordo com a entidade que representa as montadoras. O resultado representa uma queda de 17,3% em relação ao mesmo período de 2024.

Já a China exportou mais de 400 mil veículos para o México entre janeiro e setembro, segundo a Caam (associação das montadoras chinesas).

Para a Anfavea, a perda de participação dos carros brasileiros se deve principalmente à chegada dos produtos chineses em grande volume àquele mercado. Com as tarifas, o automóvel nacional tipo exportação pode se tornar mais competitivo.

Não se trata apenas de modelos de marcas oriundas da China, mas também de automóveis produzidos lá por montadoras ocidentais. É o caso do Chevrolet Aveo, segundo carro mais vendido naquele país atualmente.

A Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados) disse que, com a alteração na lei, esses produtos ficam sujeitos a alíquota de 35% de forma permanente (a taxa já havia subido de modo temporário em abril de 2024).

Segundo a entidade, entre janeiro e novembro de 2025, o Brasil exportou US$ 18 milhões em calçados ao país, que está entre os dez principais destinos do produto brasileiro.

"É imprescindível que as negociações bilaterais tenham cautela e incluam regras de origem satisfatórias para a indústria calçadista brasileira, uma vez que o México é o segundo maior produtor de calçados da América, com elevada presença asiática", afirmou a associação.

Já a indústria siderúrgica brasileira não deve ser tão afetada pela medida, uma vez que o aumento dos impostos não inclui os aços semiacabados, grande maioria das exportações brasileiras para o México.

Os senadores mexicanos que se abstiveram da votação argumentaram que o projeto de lei foi elaborado às pressas, sem analisar seu impacto sobre a inflação, e em resposta à pressão do presidente dos EUA, Donald Trump.

Em apoio à reforma, os legisladores do partido do governo enfatizaram que ela busca fortalecer o setor industrial do México, promover a criação de empregos e expandir as cadeias de suprimentos.

A proposta "tem como único objetivo fortalecer a economia nacional", afirmou o senador Juan Carlos Loera, do partido governista Morena, durante o debate.

Segundo a emissora de televisão N+, os produtos impactados representam US$ 52 bilhões das importações do México, o que representa 8,6% do total. A expectativa do governo é que 320 mil empregos sejam preservados no país com a medida.

O Ministério das Finanças do México prevê arrecadar US$ 2,5 bilhões a mais no próximo ano com as tarifas de importação.

Relacionadas