Economia
Em protesto, produtores podem vender leite para ind�stria do RN

Pelo menos 10% de toda a produção de leite de Alagoas pode deixar o Estado para ser industrializada no Rio Grande do Norte. Os produtores alagoanos não conseguiram chegar, ontem, a um acordo sobre o preço da matéria-prima com as indústrias e ameaçam vender parte da produção local para outros Estados. Ontem, os sindicatos dos produtores (Sindileite) e das indústrias (Sileal) discutiram a política de preços do setor. Atualmente, o preço básico do litro de leite para o produtor está fixado em R$ 0,36. ?Estamos há mais de três meses sem reajuste. Enquanto isto, o saco de soja aumentou de R$ 27 para R$ 35. O saco de milho, que custava R$ 14, está custando R$ 21. Os medicamentos veterinários, cujos preços também são dolarizados, tiveram aumento. Não podemos ficar com os preços congelados?, reclama Ricardo Barbosa, presidente do Sindileite. Barbosa argumenta, ainda, que faz três meses que as indústrias aumentaram em 40% o preço do leite longa vida para o consumidor, nos supermercados. ?As indústrias repassam o leite a R$ 0,70 e hoje estão repassando a R$ 0,98. O consumidor pagava R$ 1,00 e hoje paga R$ 1,50 pelo litro de leite. Os preços foram reajustados em toda a cadeia do leite, mesmo para o produtor?, afirma. Segundo levantamento da Federação da Agricultura do Estado (Faeal), os produtores estão dispostos a reduzir a produção ou a vender a matéria- prima para outros Estados. ?Estivermos recentemente no Rio Grande do Norte conhecendo o setor leiteiro potiguar. Voltamos de lá com uma proposta para fornecer pelo menos 40 mil litros de leite para aquele Estado. É claro que esta não é a melhor solução, pois pode criar problemas de desabastecimento para a indústria local?, explicou Álvaro Almeida, presidente da Faeal . Hoje, o Sindileite deve receber uma proposta oficial da Cooperativa dos Produtores de Leite do Rio Grande do Norte, cuja fábrica está instalada no município de Currais Novos. A expectativa é de que a cooperativa ofereça um preço básico acima de R$ 0,40. ?Enquanto o produtor alagoano está recebendo R$ 0,36, no Rio Grande do Norte, as indústrias pagam R$ 0,45 pelo mesmo leite. E lá existe uma procura crescente pela matéria-prima, principalmente porque já foi iniciado o período seco naquele Estado?, explicou Almeida. A distância entre os dois Estados não é problema, adianta Ricardo Barbosa. ?Como a produção lá não é suficiente para atender à demanda, as indústrias potiguares estão buscando leite em locais com distância de até 600 quilômetros. É a mesma de Alagoas?, esclareceu. O Sindileite adianta que vai esperar mais uma semana, prazo pedido pelo Sileal, para dar resposta à cooperativa do Rio Grande do Norte. ?Se a resposta for negativa, vamos tirar mais uma fatia de matéria-prima das indústrias de laticínios do Estado?, enfatizou.