Economia
Alta do fumo de corda eleva produ��o

Arapiraca ? Enquanto o governo federal trabalha para reduzir a área dedicada à fumicultura no país, no Agreste de Alagoas a cultura vive um novo período de alta. A comercialização do fumo vive o melhor período dos últimos quatro anos, com valor que em alguns casos chega a superar R$ 10 pelo quilo do fumo de corda, enquanto nos anos anteriores esse preço não ultrapassava R$ 4. A alta do preço está animando muitos produtores rurais, que nas últimas safras apostaram na mandioca, feijão e milho, e agora deverão voltar a investir na fumicultura. Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Fumo do Agreste (Agrifuma), Francisco de Souza Irmão, o Chico da Capial, a expectativa é que a área plantada atinja 15 mil hectares no Agreste. Governo federal incentiva substituição de lavoura Arapiraca ? O entusiasmo de agricultores, como a dona Josefa, não é visto com bons olhos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que criou o programa nacional de diversificações em áreas cultivadas com tabaco, cujo objetivo é tentar incentivar os produtores rurais a desistirem definitivamente da cultura do fumo. No dia 12 de maio, a coordenadora do programa, Adriana Gregollin, esteve em Arapiraca em um seminário promovido pela Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri). Segundo a técnica, o consumo do tabaco, que já sofreu uma severa redução nas últimas décadas deverá cair ainda mais nos próximos anos e por isso os produtores rurais devem se antecipar e passar a investir em novas culturas. Agricultores não conseguem sair da ?gangorra? do fumo Arapiraca ? Os produtores rurais e as autoridades que lidam diretamente com as pessoas do campo costumam se referir a cultura fumageira como uma ?gangorra?. Para o engenheiro agrônomo da Seagri Rui Palmeira, esse ciclo de altos e baixos é um dos fatores que mantém a pobreza no campo. Ele considera que o lado do prejuízo é sempre pesado e demorado demais. ?O lucro que o produtor tem em um ano não compensa os prejuízos que ele teve durante três ou quatro anos. É por isso que o governo federal e o governo estadual defendem a substituição por culturas que permitam um ganho estável para o agricultor, mesmo que seja pouco, mas que ele saiba que poderá contar com aquele lucro no futuro para reinvestir na lavoura. Com o fumo isso não acontece?, declarou. Vendedores reclamam de fiscalização Arapiraca ? Mesmo com a fumicultura em alta, a feira do fumo que acontece às segundas-feiras no bairro Baixão está ainda muito longe dos tempos áureos, quando as negociações atravessavam a manhã e continuavam até o início da tarde. Hoje, às 9 horas, a maioria dos produtores e vendedores já foi embora. Apesar dos preços melhores do que nos últimos anos, a reclamação dos comerciantes de fumo com relação aos lucros é generalizada. Na boca de todos é possível ouvir a mesma frase: ?Só quem ganha com o fumo hoje é o Estado?.