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Canoas (RS) - Nos 423 dias que ficou no cargo, Luiz Felipe Scolari modificou a Seleção Brasileira e transformou o inseguro grupo das Eliminatórias numa equipe que conquistou o pentacampeonato com sete vitórias em sete jogos. Esse retrospecto, acredita o treinador, fará com que a história seja mais generosa com a sua seleção do que com a comandada pelo seu amigo Carlos Alberto Parreira, que garantiu o tetracampeonato para o Brasil depois de 24 anos sem um título mundial. A história vai olhar para a seleção de 2002 de forma diferente que olha para a (seleção) de 1994, embora os objetivos tenham sido atingidos igualmente, disse. A de 1994 fica para a história como a do tetra, aquela que ganhou uma ou duas partidas nos pênaltis e na prorrogação, que não fez partidas bonitas, coisa e tal. Em 2002 foram sete jogos, sete vitórias, nenhuma delas nos pênaltis. Mas para mim, como técnico, as duas valem a mesma coisa. Uma foi tetra, a outra penta. O que mudou Curiosamente, o técnico que era chamado de retranqueiro, adepto do anti-jogo e que chegou a dizer que o futebol-arte havia morrido, foi um dos principais responsáveis pela conquista. Afinal, o que mudou? Não houve mudança alguma, garante, pouco mais de dois meses após a final em Yokohama contra a Alemanha. Jogamos de acordo com a competição. Nos três primeiros jogos (primeira fase, contra a Turquia, Costa Rica e China), tínhamos a possibilidade de até perdermos um jogo e nos classificarmos, por isso optei por um time mais no ataque, mais ofensivo. Resgatar o prestígio do futebol brasileiro - e a mítica da camisa canarinho - era outro objetivo da primeira fase. Os jogadores sabiam que nos primeiros jogos íamos tentar ganhar com uma certa folga para tentar trazer o prestígio para nós de novo e fazer com que os adversários temessem novamente o Brasil, revelou Felipão. Depois (na segunda fase) nós voltamos à condição de uma equipe que joga mata-mata, contra adversários que a gente respeita, e fomos ao ataque um pouquinho menos, com mais cuidados defensivos, comentou. Segundo o técnico, tanto ele quanto os jogadores estavam confiantes que o time faria ao menos um gol por partida. Os jogadores sabiam que iam fazer no mínimo um gol. A gente sempre falava: gente, aí atrás se não tomar (gol), tá ganho o jogo. Se tomar um, a gente faz e empata. Scolari relembra que em apenas uma partida, contra a Turquia, na semifinal, o time marcou apenas um gol. O restante sempre foram dois pra mais. Scolari relembrou o momento em que passou a acreditar no título: Depois do jogo com a Inglaterra. Após a suada classificação brasileira para a Copa, com a vitória sobre a Venezuela. O técnico nunca disse em público que o Brasil seria campeão. Em todas as entrevistas, ele limitava-se a dizer que colocaria o time entre os quatro finalistas. A vida tem umas coisas diferentes das que você imagina, disse. Quando chegamos entre os quatro, para mim já era histórico porque o que eu tinha prometido, havia conseguido. Mas vi que não havia mais França, não havia mais Argentina. Aí eu disse, não tem como fugir, dá para ser campeão.