O seu nome vem em ondas agressivas. Marcondes Rocha é dono de um talento cristalino, de toques mágicos sobre as águas revoltas. Equilíbrio e criatividade. Sua prancha baila irresponsável na paisagem que se renova a cada batida, cada manobra. O medo é combustível de suas façanhas. O campeão não pensa nele, sente sua presença, mas como máquina enfrenta desafios. E o melhor, os vence. Aos seis anos de idade o menino Marcondes cortou uma onda de pé em um bodyboard. Sua habilidade em achar atalhos no mar já despertava o interesse e a perplexidade de surfistas mais experientes. “Ele era diferente. Sempre foi. Normalmente as pessoas deslizam deitadas no bodyboard”, brinca Sérgio Fireman, empresário e principal incentivador do pequeno gênio. Limites Os resultados começaram a surgir aos pares. Era estrear em uma categoria, ou etapa, que o título vinha com naturalidade. Os números do garoto impressionam pela quantidade de recordes exterminados por suas manobras agressivas. Em 1998, Marcondes assombrou o mundo ao levantar três títulos, em três categorias diferentes, só em um fim de semana. A façanha na Praia do Arpoador, Rio de Janeiro, é algo inédito na história das pranchas. “Foi a maior atuação da minha vida. Os amigos diziam que eu estava simplesmente iluminado,” relembra o campeão. Depois daquela atuação fantástica, ninguém mais pode avaliar os limites do menino. Seus últimos feitos foram o título mundial amador por equipe e o vice-campeonato mundial amador no ano passado. Técnica Aos 18 anos, Marcondes Rocha é considerado uma das maiores promessas do surfe ndial e encabeça a lista dos futuros herdeiros de Kelly Slater, um mito entre os surfistas. A técnica muito apurada e a facilidade de controlar o corpo sobre as ondas diferenciam Marcondes dos adversários. O garoto é um artista do mar. Os contornos que sua prancha desenha na paisagem em fúria suavizam a força das marés e transformam a tempestade em calmaria.