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CSA: entre o racha e o consenso no dia 5

WELLINGTON SANTOS Repórter O martelo foi batido: as eleições do CSA estão marcadas para o dia 5 de novembro. Mas um nome de consenso é o discurso que quase todos adotam dentro do CSA. O difícil mesmo é saber quem teria esse perfil, num clube onde, pelo que se vê, o que predomina são grupos. Quem poderia ter esse perfil, pelo menos no momento atual, já afirmou em alto e bom som aos quatro cantos que, assumir o CSA, é muito pouco provável por três motivos fundamentais: Não tenho tempo, não tenho dinheiro e minha família não quer. A afirmação foi de Evandro Lobo, presidente do Conselho Deliberativo marujo, que, diante do atual quadro de divergências na listagem de conselheiros e sócios azulinos, já foi apontado por muitos como o tal nome de consenso. O atual presidente-executivo do Azulão, Gino César, já disse que não vai colocar seu nome a disposição. Já dei minha contribuição. Mas não sou mais candidato. Serei um parceiro, dentro do quadro de conselheiros, daquele que for o nome de consenso para uma aclamação ou daquele que for eleito se houver disputas de chapas, reiterou César, na sexta-feira. O racha Se por um lado Gino César sempre tem adotado no seu discurso, o tom de conciliador, desde que assumiu o comando do destino azulino, por outro é constantemente hostilizado pelo grupo liderado pelo empresário e deputado federal João Lyra, onde constam ainda nomes como Augusto Farias e Carlos Alberto Andrade, que já expressaram abertamente o desejo de assumir o CSA, com consenso ou sem consenso. Se o deputado João Lyra der o sinal verde, que deseja continuar no CSA, e convocar a mim e ao Augusto, colocaremos nosso nome, afirma Andrade. Consenso e composição com o grupo de Gino, segundo ele, nem pensar: É público e notório que o grupo da atual diretoria [Gino] nunca aceitou a mim nem ao Augusto. Eles criaram até a situação de nos expulsar do comando do CSA e do projeto da Copa Alagipe. Antes do término do Alagoano da 2ª Divisão eles contrataram, pelas nossas costas, um treinador [Peu], quando o outro [Ferdinando Teixeira] estava aqui, lembrou Andrade, na reunião que definiu a data das eleições. E eu estou envergonhado de ser o último da Alagipe. ### Antecipação é consenso até entre rivais Mesmo em meio às divisões e facções que expõem o CSA como um clube rachado politicamente, pelo menos num ponto os conselheiros azulinos convergiram na reunião da última quarta-feira (03), que decidiu pela data das eleições: todos concordaram em antecipar o processo eletivo para se conhecer o novo presidente-executivo para novembro. Tudo porque, pelo estatuto aprovado em 2004, a data seria dezembro. Isso foi possível graças à brecha jurídica encontrada pelo Conselho Deliberativo e referendada pelos conselheiros e sócios presentes. A principal novidade para a eleição do novo presidente-executivo do CSA, dia 5 de novembro, foi a instituição de uma comissão para fazer um amplo levantamento cujo objetivo é elaborar um resumo dos principais pontos do Estatuto em relação ao dia das eleições, além de uma análise detalhada do verdadeiro número de sócios e conselheiros do clube. Essa comissão eleitoral vai mostrar como está o quadro de sócios adimplentes e inadimplentes, mas esclareço que, até o dia 1º de novembro, último dia de inscrição de chapa, todos poderão regularizar sua situação com o clube e votar normalmente, disse Gino César. Foi uma forma consensual, entre diretoria-executiva e conselho, porque não poderíamos deixar que as eleições acontecessem em dezembro, em plena época de pré-temporada dos jogadores e que, por certo, poderiam interferir negativamente na rotina do plantel e do clube, frisou Evandro Lobo. Antecipamos porque, dessa forma, o clube já entra na pré-temporada de presidente novo e com forças renovadas para encarar o ano de 2006 com estrutura e plantel, completou. Dia 13 A comissão eleitoral, que vai estabelecer de que forma será realizada a eleição, já faz sua primeira reunião no próximo dia 13, no Mutange, às 19 horas. Ela é composta por quatro membros, mais o presidente-executivo, Gino César, e o presidente do Conselho Deliberativo, Evandro Lobo. São eles: Aurélio Lages e os conselheiros João Batista Costa Júnior Boleado, José Pereira da Silva Neto e Abelardo Teixeira Moura. Em entrevista à Gazeta de Alagoas na quarta-feira, o secretário do Conselho Deliberativo marujo, Osman Duarte, estipulou que o número de conselheiros e sócios do CSA é , atualmente, de aproximadamente 200 pessoas, mas só o levantamento da comissão dirá quantos são, verdadeiramente, os sócios, disse Osman Duarte. De acordo com o secretário, em uma rápida alusão à história do CSA em relação aos conselhos deliberativos de todas as épocas, o clube viveu seus tempos áureos entre as décadas de 50 e 60, quando chegou a ser frequentado por quase 2 mil pessoas, entre sócios e conselheiros. Mais consenso Lumário Rodrigues, um dos mais influentes integrantes do Conselho Delibertivo do CSA e que faz parte da atual diretoria, ao lado de Gino César, também defende o consenso como bandeira de luta para fazer o CSA voltar a seus melhores dias, mas é emblemático na sua análise: Se as vaidades ficarem de lado, o único vitorioso será o CSA. Eu entrei numa diretoria em 1995, numa junta em que existiam divisões e conseguimos ser campeões. Esse negócio de grupo não é de agora, completou Lumário Rodrigues. Contas aprovadas A nova diretoria-executiva do CSA irá receber de minha parte, até o dia 1º toda, a contabilidade e a situação do clube que ela terá que administrar, frisou Gino César, numa alusão à prestação de contas de sua administração, muito embora elas (as contas) tenham sido aprovadas na reunião preliminar do Conselho Deliberativo e dos sócios, na quarta-feira. WS ### Andrade ainda tem mágoa do jogo dos 3x0 Até mesmo o representante da única chapa que colocou o bloco na rua visando às eleições de novembro, Carlos Alberto Andrade, não se fez de rogado e admitiu que, caso o grupo de João Lyra abra mão da remota possibilidade em prol de outra candidatura, aponta o candidato de consenso: O nome do Evandro [Lobo] é um nome bom. Inclusive, eu cheguei até a discutir isso com o Augusto [Farias], completou. A mágoa Eu quero só lembrar que não fomos nós que criamos essa situação. Foram eles que pediram a nossa cabeça em um momento muito difícil, disse Andrade, ao se referir ao episódio que ocorreu após o jogo em que o CSA perdeu por 3x0 para o Bandeirante, em pleno Estádio Rei Pelé, na 1ª fase da 2ª Divisão. Na época, Ricardo Coelho, aliado de Gino César, se dirigiu à imprensa nas cadeiras cativas para detonar Augusto Farias e Carlos Alberto, responsabilizando-os publicamente pela então derrocada do time marujo naquele dia. Recusa No mesmo local do incidente, o presidente-executivo Gino César se recusou a fazer o coro do fora já com Ricardo e outros integrantes, adotando uma atitude absolutamente passiva em relação ao gesto do companheiro, sem sair de seu lugar. A partir desse dia, se a divisão já existia de maneira velada entre esses dois principais grupos após o episódio, passou a ser como água e óleo: não se misturaram mais. Toda vez que ocorre isso no CSA, não perde nem A nem B. Só quem perde mesmo é o CSA. E os exemplos estão aí para todo mundo lembrar, alertou Lumário Rodrigues. O reflexo disso tudo no Mutange estará nas urnas, por meio dos sócios e conselheiros, no dia 5 de novembro. Quem viver verá! |WS