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Nº 5883
Esportes Maceió, 15 de março de 2020
Lance do jogo entre CSA e Freipaulistano. Partida válida pela 7ª rodada da Copa do Nordeste, realizada no Estádio Rei Pelé. Alagoas - Brasil.
Foto: Ailton Cruz

Vítima de racismo, Allano fala sobre preconceito: ‘Machuca’

Atacante do CSA falou sobre atos racistas sofridos quando defendia o Cruzeiro e o Estoril

Por jean nascimento | Edição do dia 06/06/2020 - Matéria atualizada em 06/06/2020 às 04h00

A frase “Black Lives Matter”, em português “Vidas Negras Importam”, ganhou força na última semana em uma campanha mundial contra o racismo após a morte do afro-americano George Floyd, assassinado por um policial branco em Minneapolis, no EUA. O episódio não foi o primeiro ato racista contra pessoas negras no mundo, práticas racistas estão presentes no Brasil e no restante do planeta também. Com negros brasileiros, o preconceito é ainda maior em outros países.

Negro e nascido em uma comunidade carente do Rio de Janeiro, o atacante do CSA Allano bateu um papo com a Gazeta de Alagoas e disse que o racismo fez parte de sua vida em diversos momentos. No papo, ele citou momentos em que foi vítima de racismo no futebol.

Em 2016, o jogador se transferiu para o Estoril Praia de Portugal e em meio à realização do sonho de jogar em um clube europeu não imaginava que aquilo se tornaria um dos maiores pesadelos de sua vida.

Em gramados europeus, Allano, conhecido por seus dribles, conta que o ato racista surgiu de um adversário, após um lance de jogo. “Em Portugal foi um lance normal de jogo onde tomei a bola, dei um drible de corpo e depois ele me deu uma porrada, quando fui falar para ele não fazer isso, pois iria me machucar sério, ele disse: ‘Cala-boca, teu preto de merda, macaco do c...’, e fui para cima dele”, contou o brasileiro que emendou: “Meus companheiros não me deixaram fazer uma besteira, eu estava de cabeça quente, pois isso é uma coisa que dói e machuca”.

AGRESSÃO POLICIAL

Ele contou ainda que já passou por situações de preconceito racial devido à cor de sua pele fora de campo. De acordo com o atleta, o racismo fez parte de sua vida apenas por ser negro e nascido em comunidade carente, ele citou ainda que ao sair de uma festa com amigos foi abordado por policiais e foi agredido com tapas no rosto.

Segundo pesquisa do IBGE em novembro de 2019, no Brasil 56% da população é negra e parda, mas este número não se faz presente em cargos importantes da sociedade brasileira. Pouco mais de 29% dos negros ocupam cargos de gerencias nas empresas do País.

Por sua vez, o racismo não é uma particularidade de brasileiros na Europa, o atacante azulino conta que já sofreu com esses atos no Brasil, enquanto defendia o Cruzeiro. “No Cruzeiro um torcedor disse que eu não estava correndo porque não comi banana antes do jogo”, contou Allano.

Com o assassinato de Floyd, muitos países levaram pessoas às ruas para manifestar e levar novamente a bandeira antirracismo. No EUA, por exemplo, os americanos chegaram a dez dias de protestos na última quinta-feira (4). Já na França, os parisienses foram às ruas e atearam fogo em materiais de transito.

RECADO

Com o “gigante antirracismo acordado”, Allano deixou um recado. “As pessoas negras sabem disso, é muito difícil carregar esse fardo e por isso está acontecendo estas coisas no mundo. Se continuar assim, nós negros não iremos querer contato com as pessoas da pele clara, pois cada vez está pior e, se continuar assim, vai ficar uma situação complicada para convivermos em harmonia”, disse o atleta do CSA.

* Sob supervisão da editoria de Esportes.

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