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Nº 5856
Esportes Em busca de espaço, torcida feminina do CSA prega pela representatividade no futebol

CSA: torcedoras tentam driblar o machismo

Fundadora da 'Azulcrinadas', Fernandja Campos cobra a presença da mulher na diretoria do Azulão e busca melhorias nas instalações do Rei Pelé

Por debora rodrigues | Edição do dia 22/08/2020 - Matéria atualizada em 22/08/2020 às 04h00

/Em busca de espaço, torcida feminina do CSA prega pela representatividade no futebol

“Sou azulina desde quando eu nem existia. Vem do meu pai este amor pelo futebol pelo CSA. Eu digo até que é genético”. Assim se denomina Fernandja Campos, torcedora e apaixonada pelo Azulão. Ele é fundadora da torcida ‘Azulcrinadas’, que demonstra amor pelo clube do coração ao mesmo tempo em que luta por mais representatividade feminina nas instituições.

Em entrevista para a Gazeta de Alagoas, Fernandja falou sobre como surgiu a ideia de criar uma torcida para mulheres e também como tenta driblar o machismo no futebol, um meio majoritariamente masculino.

“A ideia de criar a ‘Azulcrinadas’ foi, mais ou menos, sem um planejamento prévio. Foi como resultado de participar de grupos que tinham homens também e eu começava a perceber que, por ser tão ligada ao time e dar opiniões sobre vários aspectos, às vezes,acontecia de algum tirar piada e dizer que estava falando besteira. Um dia pensei “se nós estamos num grupo desse, por que não fazer um só com mulheres?”. Falei com umas amigas e deu certo”.

Ela conta que no início, apenas dez mulheres faziam parte da torcida. Agora, com dois anos de existência, a ‘Azulcrinadas’ tem 65 integrantes, que são de vários bairros de Maceió e de outros municípios do Estado, e com idade dos 16 a 60 anos.

“No grupo conversamos sobre tudo relacionado ao CSA e também sobre coisas que emanam empatia. Elas sempre declaram que se sentem bem no ‘Azulcrinadas’, porque perceberam que a opinião delas começou a valer, mesmo com algumas divergências, que são raras, mas que acontecem, pois estamos num meio com pessoas que pensam diferente”, disse.

A mulheres também passaram a cobrar melhorias nas dependências do Estádio Rei Pelé,para que haja mais segurança para todas. A principal queixa de Fernandja é em relação à estrutura dos banheiros do palco esportivo. Ela conta que sempre há um receio em ir sozinha, já que não há iluminação adequada e até os vasos sanitários deixam a desejar.

“A gente levanta a bandeira de luta em busca de melhorias dentro do estádio para nós mulheres, porque os banheiros, por exemplo, são muito arcaicos. Alguns ainda são com aqueles buracos no chão e as mulheres precisam ficar numa posição muito desconfortável”.

Recentemente, em uma live realizada no Instagram da torcida, o presidente do CSA, Rafael Tenório, chegou comentar que estuda a criação de um Conselho Deliberativo feminino. Sobre isso, Fernandja afirmou que é um grande passo, mas que espera também que as mulheres possam participar das decisões ativamente.

“Acredito que essa falta de representação deixa uma lacuna muito grande. A partir do momento que mulheres fazem parte da torcida, que são sócias, vão ao estádio, compram camisa e ajudam na receita do clube, precisam estar também participando nas decisões. Além do Conselho feminino, a gente vai lutar também para que o Conselho geral seja misto, composto de homens e mulheres”.

Fernandja conta que a ‘Azulcrinadas’ tem conseguido ganhar seu espaço. Ela afirmou que o marketing do clube mantém contato com algumas páginas destinadas ao CSA e que a dela é a única de torcida feminina a estar nesse meio. Além dos projetos envolvendo o Azulão, a ‘Azulcrinadas’ realiza ações sociais através do amor pelo clube.

“A gente realiza ações sociais, conseguimos levar um menino deficiente visual para o estádio, ele entrou com os jogadores em campo.Fora outras ações, com abrigos, moradores de rua. A gente sempre usa o amor pelo CSA, o amor que temos uma pelas outras, para ajudar outras pessoas”.

A torcida cativou não só as mulheres, mas também os homens que torcem para o CSA e acompanham páginas do time do coração. Por isso Fernandja e as integrantes pensaram em um grupo para os companheiros de bancada, que agora tem a supervisão delas, mas que deve seguir os passos separadamente em breve.

“Nós vimos que 51% de seguidores na nossa página é masculino, embora seja um conteúdo de mulheres, mas a gente acaba focando mais no CSA do que em nós. Há três meses, baseado nesse dado, criamos o ‘Azulcrinados’. Tem um grupo criado para homens, mas com a mesma vibe do nosso”, finalizou.

E assim caminham as ‘Azulcrinadas’: pregando inclusão e representatividade,cuidando umas das outras e buscando melhorias nos espaços que recebem também as apaixonadas pelo CSA.

* Sob supervisão da editoria de Esportes.

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