Ex-presidente do CSA, Rafael Tenório, em áudios vazados por ele próprio, revelou que vem sofrendo ameaças de torcedores e responsabilizou o atual mandatário azulino, Omar Coêlho, por tal situação do clube em que também foi presidente do Conselho Deliberativo. Tenório disse, ainda, que sempre tentou se aproximar do atual mandatário, mas que Coêlho se recusou.
As reclamações e os alertas de Tenório foram dados em vários áudios a que a Gazeta de Alagoas teve acesso, que teriam sido enviados ao próprio Omar Coêlho e, alguns, a integrantes da imprensa. Os alertas vinham, segundo ele, desde o jogo contra o Tombense, no 1º turno da Série B, na vitória mineira por 2 a 1.
Rafael Tenório lamentou a situação vexatória que o clube está passando na Série B, sob ameaça de rebaixamento. “Agora, meu amigo, nós todos estamos pagando o preço muito alto porque, por falta de humildade sua, de não deixar eu estar ao seu lado e sempre me alfinetando, sempre dizendo que era isso, era aquilo, sempre buscando a justificativa, pois fui eu que indiquei você”, diz Rafael.
E prossegue: “Você nunca aceitou a minha aproximação, desde o jogo contra o Tombense que eu liguei para você, falei com o Mozart (ex-técnico do CSA), me prontifiquei a ajudar e você sempre me escanteando, com medo de que eu fosse tirar o seu brilho e não era verdade. Meu ciclo dentro do CSA tinha terminado. Olha a situação agora em que você se encontra e que eu me encontro”.
Sobre as supostas ameaças as quais estaria recebendo, Rafael contou que foi andar na praia e um torcedor o ameaçou. “O cara veio me ameaçar e botou o dedo na minha cara, dizendo: ‘você é responsável, você que indicou ele (Coêlho), então, assuma seu compromisso’”.
Em outro áudio, o antigo mandatário azulino citou os problemas que devem aparecer nos próximos meses para o Azulão. Segundo Rafael, o CSA chegará ao final da temporada com um deficit de R$ 5 milhões. Além disso, afirmou que os recursos que deveriam ser usados para a construção do novo Centro de Treinamento, foram usados de maneira irresponsável.
“Eu venho alertando, que o CSA chega com mais de R$ 5 milhões de deficit no final do ano, sem contar que eu venho dizendo que ele (Omar) não concluiria o CT e não vai concluir, porque não tem recursos. O dinheiro foi gasto de uma forma irresponsável. Aí está o desastre. Vamos ter várias ações trabalhistas porque a situação do CSA é grave. O CSA está sem comando”.
Também ressaltou que organizou o clube, chegou em 5º lugar em 2020 e conquistou o título, quando foi campeão alagoano 2021, e entregou o clube com todas as competições e todas as receitas. Citou a época em que o técnico azulino ainda era Alberto Valentim e o diretor de futebol era Felipe Ximenes.
“Quando ele (Omar) dispensou o Ximenes e convidou o Raimundo (Tavares), ele nunca quis o Raimundo dentro do CSA. Eu que recomendei que ele trouxesse o Raimundo e ele só deixou pra trazer na 17ª rodada, quando o CSA não conseguia sair do Z4. Não tinha mais como o Raimundo consertar porque a janela já estava fechada”.
“Não foi por falta de humildade minha, que queria ajudar e você nunca aceitou a minha aproximação, porque uns quatro cabras sem-vergonha que estavam lá do seu lado a lhe bajular e não aceitavam. Quando eu disse a você: ‘me entrega esses jogadores que eu vou me sentar com eles e vou mostrar’. Não era para o Mozart ter saído. Você se encantou, como uma serpente se encanta, com o Ximenes. Eu não sei se isso é verdade, mas dizem que tem uma multa estrondosa para tirar o Valentim. Se você assinou, meu amigo, se existe uma multa de 2 milhões de reais, honestamente, meu amigo, isso é uma falta de conhecimento”, disse em outro áudio enviado a Coêlho.
Ele acrescentou, à época, que sabia que o CSA perderia para Ponte Preta e Ituano, ainda sob comando de Valentim, e que alertou a alguns dirigentes. “Eu disse que vai perder o jogo com o Ituano, com a Ponte Preta. Sabe por quê? Porque o grupo tá perdido. Os jogadores não sabem para onde vão, não têm comando. Então, diante de toda essa situação, o desastre tá aí. Hoje você tá trancado dentro de casa, com a família todinha, como eu também. Eu quando saio na rua a esculhambação é muito grande. Agora você tem que botar a cara, ir para a imprensa e assumir os seus erros, o seu compromisso e dizer o seguinte: ‘o Rafael se prontificou em me ajudar, agora eu que não quis’”, ressaltou.
“O que eu torço é que você saia dessa situação. Eu não quero nunca mais fazer parte de diretoria do CSA. Torno esses áudios públicos para que as pessoas realmente tomem conhecimento do que o Omar fez comigo e com a nação azulina. Ele tem que ser responsabilizado pelo desmando que deixou e entregou o CSA. O trabalho que eu fiz em seis anos e sete meses, ele destruiu em apenas seis meses”.
A Gazeta entrou em contato com o atual presidente, Omar Coêlho, mas, até o fechamento desta matéria, não obteve resposta.
* Sob supervisão da editoria de Esportes.