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Felip�o se cala � espera da decis�o da Copa

Saitama, Japão - Luiz Felipe Scolari parece mais concentrado do que os jogadores na reta final da busca pelo título mundial. O treinador tem evitado entrevistas - a última que deu foi no sábado à noite - e passa ao largo do local onde normalmente se concentram jornalistas antes dos treinos da equipe. O silêncio foi a forma que encontrou para não tirar a atenção do jogo com a Turquia e de eventual final. Quem conhece os métodos do técnico sabe que nestes momentos ele fica mais arisco. Os bate-papos informais com repórteres escasseiam e os contatos se limitam a uma ou outra frase, a breves acenos. Não há mais conversas relaxadas, como ocorriam com freqüência em Ulsan, tanto no hotel em que a delegação estava hospedada como no campo de treinamentos. Até as caminhadas sem compromisso com o auxiliar Murtosa passaram a ser menos comuns, desde que o Brasil desembarcou no Japão. Um dos motivos é a constante troca de quartel-general - Kobe, Hamamatsu, Saitama e, quem sabe?, Yokohama. Outro é a tensão, que aumenta à medida que a competição afunila. Felipão, então, prefere fechar o foco nos adversários que tem pela frente e procura não dispersar. Também aumenta a cautela com o que fala - e para quem se dirige. Seus interlocutores se limitam aos colaboradores mais próximos, na comissão técnica, a assessor pessoal, parentes e dirigentes. A política é a de quanto menos abrir a boca, nestas horas, tanto melhor para si e para os que o rodeiam. Ele prefere deixar explicações para depois, confidencia um cartola já acostumado a seu estilo. A situação exige atenção máxima. No caso da imprensa, prefere razoável distância, para evitar repetição de perguntas e porque há acúmulo de estrangeiros em torno da Seleção. Com a saída de outras equipes, a tendência natural foi a de surgirem muitos jornalistas interessados em conferir o que faz o Brasil. Como há muitas caras novas, Felipão se fecha. Os treinos continuam abertos, mas há algumas restrições. Na tarde de ontem, todos os jornalistas credenciados puderam acompanhar o coletivo realizado no Omiya Park Soccer. A única proibição ficou para câmeras de televisão. Por temer que olhos indiscretos pudessem acompanhar a movimentação dos jogadores, Felipão pediu que apenas os fotógrafos ficassem à beira do gramado. Cinegrafistas registraram a entrada e a saída dos jogadores. Artimanhas, manias, formas de conduta variam de acordo com o temperamento de cada treinador. No caso de Felipão, espera-se que parte da tensão desapareça nesta quarta-feira. E que a descontração retorne na noite de domingo, depois da final. Certamente mais 160 milhões de pessoas o acompanharão.