Fórmula 1
30 ANOS SEM UM HERÓI: alagoanos lembram com saudade os tempos de Senna
Os domingos dos brasileiros não são mais os mesmos desde 1994, quando o piloto morreu tragicamente


Ídolo e herói. Há 30 anos, partia um dos maiores ícones do esporte brasileiro: Ayrton Senna. Ele fez história nas pistas, marcando a vida de inúmeras pessoas. Morreu em 1º de maio de 1994, aos 34 anos, em um trágico acidente no circuito de Ímola, na Itália, pelo Grande Prêmio de San Marino, um dia triste que sempre será lembrado no Brasil.
Em Alagoas, Senna deixou muitos fãs, que hoje relembram com saudade os domingos de Fórmula 1, com as famílias reunidas em frente à televisão para assistir a mais uma vitória do piloto brasileiro. Quando Ayrton Senna estava na pista, o tempo parava e o dia de folga só começava após o término da corrida.
O ex-presidente Collor é fã de Senna. Ele relembrou a data, ao citar que esteve com o piloto em duas oportunidades, em 1990 e em 1992, na época em que foi presidente da República. “Como presidente da República, recebi Ayrton Senna, o nosso inesquecível tricampeão mundial de Fórmula 1, em duas oportunidades, ambas no Palácio do Planalto. A primeira, em 1990, quando conversamos no gabinete e participamos de uma solenidade pré-natalina; a segunda, em fevereiro de 1992, quando o condecorei por tudo o que já representava para o nosso País. Cito estas palavras para homenageá-lo como uma das maiores personalidades do esporte mundial de todos os tempos. Nesta quarta (1º de maio) faz 30 anos da sua partida precoce”, disse Collor.
Tricampeão mundial, Senna tornou-se sinônimo de perseverança e inspiração, sendo exemplo não só para a geração que acompanhou as passagens e vitórias dele pelos autódromos, mas até mesmo para quem nasceu após a morte trágica e se encantou pelo legado deixado por ele aos brasileiros.
O administrador Luidy Santos, de 42 anos, se emociona até hoje ao falar do piloto que tem como ídolo e destaca que acompanhar a carreira de Ayrton Senna fez com que ele colecionasse memórias muito especiais. “Todos os momentos foram bem marcantes, mas um em especial me tocou muito. Foi a vitória dele em Interlagos, em 1993. A segunda vitória no Brasil, que o público invadiu a pista e ele foi comemorar nos braços do povo, como um verdadeiro herói brasileiro. Essa cena até hoje me arranca lágrimas, como neste momento agora”, afirma.
Ele diz que Ayrton era “diferenciado”, que inspira, até hoje, muitas pessoas a correrem atrás dos seus objetivos. No dia da morte do piloto, Luidy estava assistindo ao vivo à corrida, na expectativa de que Senna conquistasse a primeira vitória dele naquele ano. Foi um choque.
“No dia do acidente eu tinha 12 anos. Estava assistindo à corrida. O final de semana que ele morreu já tinha sido tenso. Na sexta, o Rubinho Barrichello bateu forte; no sábado, o Ratzenberger morreu no treino e tudo o que cercava aquela corrida estava esquisito demais. Quando ele bateu naquele muro, eu simplesmente paralisei. Nunca tinha visto ele bater tão forte. Quando vi os movimentos de ambulância, helicóptero e toda agitação que estava acontecendo, meu coração já dizia: ele morreu. Mesmo antes da confirmação da morte dele horas mais tarde, a tristeza já tinha tomado conta de mim, porque meu herói de infância tinha morrido. Por causa dele eu aprendi a amar a Fórmula 1”, conta, ao ressaltar que não teve a oportunidade de acompanhar, presencialmente, uma corrida do ídolo.
A memória favorita dele é a do capacete amarelo no carro branco e vermelho cruzando a linha de chegada em primeiro e o tema da vitória tocando. “Ah, como era boa aquela sensação. Parecia que todos estavam dentro do carro vencendo aquela corrida com ele”, diz.
Sobre o legado deixado por Senna, Luidy é enfático ao afirmar que vai muito além do esporte, mostrando que, com dedicação e perseverança, todo mundo pode chegar onde quiser.
“O legado do Senna vai além das pistas. Dentro dela, depois da sua morte e de anos de lutas por mais segurança no esporte, os carros são muito seguros, cheios de dispositivos e células de segurança que, por mais que o acidente seja muito grave, dificilmente os pilotos se machucam. Fora das pistas, ele deixou para todos uma mensagem de que tudo é possível se você se dedica ao que faz. Ayrton, com toda dedicação, conseguia ‘tirar leite de pedra’. Com carros inferiores, vencia corridas e mostrava uma técnica que só era possível com muito treino, muito esforço, muita repetição para se chegar à perfeição. Ele era um entusiasta que conseguia motivar pessoas a serem melhores em todos os aspectos da vida”, pontuou.
“A principal lição, para mim, é a perseverança. Senna quando corria de Kart tinha muitas dificuldades de correr na chuva. Em seus momentos de treino, quando o tempo fechava e todos saíam da pista, ele pegava o Kart e ia treinar para aperfeiçoar a deficiência. Isso foi determinante para que ele fosse considerado o rei da chuva nas pistas. Nenhum piloto tinha a habilidade que ele possuía para pilotar um carro nas condições adversas da chuva. A perseverança o levou à perfeição”, completa Luidy, que tenta passar para o filho Pedro, de 6 anos, o legado deixado por Senna, não perdendo a oportunidade de assistir, junto com ele, aos vídeos das corridas do brasileiro.