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Coluna do Marlon Araújo

O vício em apostas e a tragédia silenciosa

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A nova lei que regulamenta as apostas no Brasil, em vigor desde janeiro de 2025, é vista por muitos como uma vitória da economia, mas também revela um abismo social e humano que precisa ser discutido urgentemente. A regulação, focada só na arrecadação e no controle financeiro, ignora o impacto devastador que o vício em jogos pode causar à saúde mental e à segurança pública.

O psiquiatra Hermano Tavares, fundador do Programa Ambulatorial do Jogo Patológico da USP, já afirmou em entrevistas que para ele a legislação atual é, no mínimo, irresponsável. “Se ficar do jeito que está, casos de suicídio e crimes de roubo e furto praticados por viciados em bets vão aumentar muito”, disse.

E, de fato, sem uma abordagem integral, que leve em conta o tratamento e a prevenção do vício, a tragédia é iminente. O vício em apostas tem consequências devastadoras. Dados apontam que um em cada três viciados em jogos pensa em suicídio e metade dos que buscam tratamento começam a cometer crimes para sustentar o vício.

Tais informações foram trazidas à tona por Camila Brandalise, em um podcast do UOL. Ela relata casos extremos como suicídios, latrocínios e outros crimes resultantes da compulsão pelo jogo, além de sintomas físicos de abstinência, como tremores e sudorese, presentes em 25% dos jogadores compulsivos. O sofrimento é indescritível e, para muitos, a realidade se resume a um bordão assustador: “Se você não procurar ajuda, vai acabar em clínica, cadeia ou caixão”.

A criação do Grupo de Trabalho Interministerial de Saúde Mental, em dezembro de 2024, é um primeiro passo, mas ainda carece de detalhes concretos sobre a implementação das ações e os investimentos necessários para tratar o vício. A ausência de uma estrutura eficaz de prevenção e de tratamento só amplifica a tragédia, visto que com os jogos on line o problema é potencializado, não é preciso ir a um cassino, o acesso está sempre na palma da sua mão.

A regulação das apostas não pode se limitar ao lucro fácil. O governo e a sociedade precisam enxergar o vício como o problema de saúde pública que é. Sem isso, o Brasil não estará apenas perdendo dinheiro, mas vidas.

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