Coluna do Marlon
Gramado sintético: ouvindo quem joga
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Estamos em um momento curioso no futebol, onde uma das discussões mais acaloradas tem como tema um simples, mas crucial, elemento do jogo: o gramado. A questão dos gramados sintéticos que, ao longo dos anos, tem sido cada vez mais debatida, agora ganha novos capítulos. E, ao meu ver, uma das questões mais urgentes neste debate é a voz daqueles que estão no campo, os artistas do espetáculo: os jogadores.
É claro que todo argumento que envolve custo sempre encontra eco. O gramado sintético, com sua manutenção bem mais em conta do que o natural, acaba sendo visto como uma solução para clubes que precisam equilibrar as finanças e, ao mesmo tempo, oferecer condições de jogo adequadas. A questão é que, por mais pragmático que seja o argumento financeiro, há algo que não pode ser desconsiderado: quem joga o jogo, quem vive o dia a dia da bola, está dizendo um sonoro não.
Parte da imprensa tem defendido que, quando o campo natural está ruim, o sintético acaba sendo uma alternativa mais segura. Mas o que os defensores do sintético esquecem é que a verdadeira avaliação do jogo vem de quem o pratica. Quando o atleta diz que não se sente confortável, ou pior, que o gramado sintético pode aumentar o risco de lesões, estamos diante de algo muito mais do que uma simples preferência de jogador.
Há quem diga que não há estudos científicos concretos comprovando que o gramado sintético realmente aumenta o número de lesões, mas a verdade é que a ciência ainda está a caminho de respostas definitivas. O que temos, por enquanto, são experiências de quem joga, e essas vozes são incontestáveis. Mais do que isso, em alguns lugares, como na Holanda, já existem estudos que alertam para o uso de produtos químicos nos gramados sintéticos, com potenciais riscos à saúde, incluindo até mesmo o risco de câncer. Claro que isso ainda está em discussão, mas é impossível ignorar que a diferença entre o natural e o sintético é gigantesca, e não é só de estética.
O sintético, sim, é mais prático. Em termos de custo-benefício, é mais acessível e não exige o trabalho constante de recuperação que o gramado natural demanda. Mas será que todo esse custo reduzido vale o impacto na experiência do jogador?