TALENTO NOS RINGUES
Alagoano Maurício Ruffy dá nocaute brutal e brilha no UFC
Natural de Coruripe, ele foi para São Paulo em 2009, buscando sonho de ser lutador


Mesmo com a derrota de Alex Poatan para Magomed Ankalaev, o UFC 313 terminou com saldo positivo para os brasileiros na madrugada desse domingo (9). Um deles, o alagoano Maurício Ruffy, de 28 anos. Natural de Coruripe, Ruffy bateu o veterano King Green, no peso-leve, no terceiro duelo do sábado (8) à noite, em Las Vegas, com um nocaute brutal em um chute rodado e foi reconhecido com o prêmio de performance da noite. A plasticidade e o impacto deixaram as redes sociais em êxtase.
A vitória veio ainda no primeiro round, pouco depois dos dois minutos. Maurício Ruffy dominava o centro do octógono e jogava o norte-americano para a grade, quando fintou um cruzado, obrigou-o a abrir a guarda e aplicou o golpe giratório, acertando com o calcanhar a cabeça do rival, que caiu desacordado na mesma hora. O brasileiro nem precisou encaixar uma sequência, pois a luta foi interrompida em seguida.
O desempenho deixou Ruffy em evidência no UFC. Vindo do Dana White’s Contender Series, programa do presidente da organização que revela prospectos, ele ganhou as três lutas no evento, até então, duas por nocaute e uma por decisão unânime.
QUEM É
Natural de Coruripe, em 2009 Ruffy decidiu ir para São Paulo tentar a vida lutando. E foram muitas lutas, a começar pelo desafio de ter que viver longe da família. "Cheguei em São Paulo, tive um choque de realidade, tipo saber o que é realmente alguém buscar um sonho", contou, em entrevista ao ge.
"Procurei uma academia e me ofereci para trabalhar, limpar a academia, o banheiro, o tatame, para poder trabalhar e conseguir treinar naquela academia, que a mensalidade era cara e eu não tinha condições de pagar", disse.
Em São Paulo as chances foram surgindo, vitórias em lutas amadoras chamaram a atenção até que alguns patrocínios fizeram-no entender que ele estava no caminho certo.
"Eu encontrei um rapaz lá, chamado Minouro, ele é meu mestre, inclusive, também. Esse cara trouxe um cara para fazer sparring comigo, uma luta na academia, tipo uma competição, só que de portas fechadas, só para te testar, tipo 'se você ganhar desse cara que eu vou trazer, eu vou te dar um patrocínio, te dar 600 reais por mês. E você vai começar a treinar'", revelou.
"Então, ele (Minouro) falou assim: 'olha, eu não quero que você bata nesse cara, que ele tem 100 quilos. Mas, se você aguentar as pancadas dele eu vou te patrocinar'. Eu quase não dormi nesse dia. Quando chegou o grande dia, o que era para eu apanhar do cara, acabei nocauteando ele. Aí ele (mestre) falou: 'ah, você tem futuro e eu vou patrocinar você'".
Foi, então, que Maurício Ruffy fez mais dois meses de luta, uma atrás da outra, lutas amadoras. "Ganhei todas as lutas amadoras, por nocaute", lembrou.

O momento de consagração do lutador alagoano se deu em outubro, quando Ruffy foi para Las Vegas, tentar o contrato com o UFC, conforme ele revelou.
"Me chamaram para fazer uma luta valendo o contrato no UFC, em Las Vegas. Foi o The Contender Series, um evento do Dana White, dono do UFC, e os atletas que estão se destacando no mundo todo têm uma oportunidade de disputar uma vaga para o UFC. Em outubro último, dia 4, eu tive a oportunidade, viajei para Las Vegas, fiquei dez dias lá antes da luta, me prepararando. Aí fiz a luta, consegui ganhar do Huss, que era campeão mundial, e consegui o contrato com o UFC", disse.
Mas os combates não param por aí, pois o alagoano ainda deve ter mais lutas intensas pela frente. Ao todo, em sua carreira, Ruffy soma 12 vitórias e uma única derrota, há seis anos. É provável que seu próximo adversário seja um top 15 do ranking dos pesos-leves.
Nas entrevistas, após o combate, o alagoano disse quem deseja enfrentar agora: o iraniano Beneil Dariush, 9º melhor do mundo na divisão. Caso o duelo seja, de fato, confirmado, e o brasileiro vencer, ele daria um salto gigante em busca de, um dia, desafiar o campeão da categoria, o russo Islam Makhachev.
Além de Ruffy, outros quatro representantes do Brasil venceram no UFC 313: Amanda Lemos venceu a compatriota Iasmin Lucindo no peso-palha feminino na decisão unânime dos juízes; Brunno Ferreira finalizou o armênio Armen Petrosyan no peso-médio; Carlos Leal nocauteou o americano Alex Morono no peso meio-médio; e Mairon Santos, no peso-pena, bateu Francis Marshall, também dos Estados Unidos, na decisão dividida.
*Com Estadão e GE