Coluna do Marlon
O etarismo de Leila Pereira
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A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, ao rebater críticas ao gramado sintético, declarou que “normalmente os atletas que reclamam são mais velhos” e que “já deveriam ter parado de jogar futebol ao invés de ficar reclamando”. A fala, carregada de etarismo, busca desqualificar um protesto legítimo de grandes nomes do futebol, como Neymar, Thiago Silva e Gabigol, ignorando um debate que vai além da idade dos jogadores.
A tentativa de reduzir a discussão a um “mimimi de veteranos” esconde a realidade de que gramados sintéticos impactam a saúde e o desempenho dos atletas, algo respaldado por estudos. A crítica não se trata de uma mera preferência, mas de uma preocupação legítima com lesões e desgaste físico. Jogadores com mais de 30 anos não só têm o direito de se manifestar, como são protagonistas do nosso futebol e conhecem na prática os efeitos desse tipo de superfície.
Leila também ironizou que, se os gramados europeus são melhores, os jogadores deveriam ficar por lá. Mas a questão não é geográfica – trata-se de exigir qualidade em um país que se vende como “o país do futebol”. Em vez de ouvir os atletas e buscar melhorias, a dirigente reforça um discurso que descarta aqueles que ajudaram a construir a história do esporte.
Além disso, sua postura ignora o aspecto científico da discussão. Não se trata de uma “teoria sem embasamento”, como ela sugere. Especialistas da área médica já demonstraram que o sintético tem impactos físicos severos, podendo encurtar carreiras e comprometer a integridade dos jogadores.
A solução defendida pelos atletas é simples: gramados de qualidade. Enquanto isso não acontece, a postura de dirigentes como Leila apenas aumenta a frustração de quem luta por um futebol mais seguro, saudável e sustentável.
Em vez de desqualificar quem levanta um ponto legítimo, que a presidente do Palmeiras e outros dirigentes passem a enxergar o impacto dessas decisões no futuro do futebol.
