Os alagoanos que fizeram história no Mundial de Clubes ao longo dos torneios

No dia 14 de junho teve início a Copa do Mundo de Clubes FIFA, uma nova competição que elevará o desafio de ser campeão mundial. Assim como a Copa do Mundo de Seleções, o torneio acontece a cada quatro anos, reunindo 32 clubes do mundo inteiro para disputarem o título de supercampeão.

Na última quinta-feira (19), o Botafogo bateu o PSG, atual campeão da Champions League, por 1x0, na segunda rodada da fase de grupos. O Glorioso é o atual campeão da Libertadores e acabou de bater um campeão europeu, algo que nós, brasileiros, estamos acostumados.

Nesses embates entre europeus e brasileiros, os alagoanos conseguem ter um enorme destaque, mesmo que - por muitas vezes - o Estado seja esquecido nas discussões futebolísticas.

Confira aqui a lista dos Alagoanos que conquistaram o mundo futebolístico:

Peu (Flamengo - 1981)

O Alagoano na era de ouro do Flamengo

Nascido e criado em Maceió, Peu respirava futebol desde criança. Filho de um roupeiro do CSA e de uma lavadeira do clube, ele cresceu nos corredores do estádio, sonhando em seguir os passos de Dida, o grande ídolo alagoano que brilhara no Flamengo nos anos 1970.

Sua técnica apurada nas categorias de base do CSA chamou a atenção do Flamengo em 1980, quando foi contratado pelo técnico Orlando Peçanha. Chegou ao Rio de Janeiro no momento em que o clube montava um dos maiores times da história do futebol brasileiro.

Apesar de atuar como reserva imediato de Zico, Peu participou ativamente da preparação do elenco e foi importante em vários jogos do Campeonato Carioca, competição que era muito mais valorizada na época. Seu maior legado foi fazer parte daquele grupo histórico que conquistou:

• A primeira Copa Intercontinental do Flamengo (1981)
• A inédita Libertadores (1981)
• O Campeonato Brasileiro (1982)
• Três Taças Guanabara e o Carioca (1981)

Após deixar o Flamengo em 1983, teve passagem pelo Monterrey-MEX, onde foi campeão nacional em 1986, antes de retornar ao CSA para encerrar a carreira. Hoje, trabalha em projetos sociais que revelam novos talentos em Maceió.

Índio (Corinthians - 2000)

Da selva para o mundo

A história de José Sátiro do Nascimento, o Índio, parece saída de uma ficção. Nascido na Aldeia Xucuru-Kariri, em Palmeira dos Índios, passou a infância colhendo feijão e melancia até ser descoberto acidentalmente pelo técnico Luciano Reis, do Vitória, em 1995.

No Corinthians, onde chegou em 1998, superou todas as expectativas. Como lateral-direito, foi fundamental na conquista do:

• Primeiro Mundial de Clubes da FIFA (2000)
• Campeonato Brasileiro (1998)
• Campeonato Paulista (1999)

“Saí da selva para o mundo, tenho orgulho de ser índio e de ter sido representante do meu povo no futebol”, afirmou o ex-atleta.

Souza (São Paulo - 2005)

A Redenção de um Craque

Revelado pelo CSA em 1998, Souza chamou atenção na campanha histórica do time na Copa Conmebol de 1999. Saindo do Azulão, o atleta foi direto para um gigante nacional, o Botafogo, sendo comparado até com Rivaldo. Contudo, Souza teve dificuldades para se adaptar ao futebol carioca, seja pelo ritmo ou pela forma física, Souza acabou perdendo a confiança que o time tinha nele.

Após passagem apagada no Glorioso, Souza reencontrou o seu melhor futebol no São Paulo, tornando-se um jogador importante e decisivo no Soberano.

Entre 2005 e 2007, foi peça-chave em:

• O triunfo no Mundial de Clubes (2005)
• As conquistas da Libertadores (2005) e do Brasileirão (2006, 2007)
• O bicampeonato Paulista (2005, 2006

Aloísio (São Paulo - 2005)

De Atalaia para o Japão

Nascido em Maceió, em 1975, Aloísio Chulapa começou sua trajetória nas categorias de base do CRB, onde rapidamente se destacou pela combinação de físico imponente e faro de gol. Suas atuações no Campeonato Alagoano chamaram a atenção do Flamengo em 1996, mas foi no Goiás, entre 1997 e 1999, que o atacante explodiu nacionalmente. Com sua força física e capacidade de finalização, tornou-se tricampeão goiano e um dos artilheiros mais temidos do futebol brasileiro.

O ápice de sua carreira veio em 2005, quando retornou ao Brasil para defender o Atlético-PR e, posteriormente, o São Paulo. Foi no Tricolor Paulista que Aloísio entrou para a história: na final do Mundial de Clubes contra o Liverpool, sua assistência precisa para Mineiro garantiu o gol do título. Apelidado carinhosamente de "Chulapa" pela torcida, em referência ao lendário Serginho Chulapa, o atacante alagoano conquistou ainda o Brasileirão de 2006, antes de encerrar sua carreira no CRB, seu clube de coração. Hoje, dirige uma escolinha de futebol em Atalaia, formando novas gerações de jogadores alagoanos.

Adriano Gabiru (Internacional - 2006)

O herói improvável

Nascido em Maceió, em 1977, Adriano Gabiru teve sua trajetória marcada por superações e momentos de glória. Revelado pelo CSA em 1997, o atacante rapidamente se destacou ao lado de outro futuro craque: Deco. Juntos, formaram uma dupla letal que conquistou o Campeonato Alagoano daquele ano, chamando a atenção de clubes de todo o País.

Sua transferência para o Atlético-PR, em 1998, marcou o início da consolidação no cenário nacional. No time paranaense, Gabiru viveu sua melhor fase como jogador: foi um dos pilares do título brasileiro de 2001, formando um trio ofensivo implacável com Alex Mineiro e Kléber Pereira. Sua velocidade, habilidade e capacidade de decidir jogos importantes renderam até mesmo uma convocação para a Seleção Brasileira naquele ano.

Mas foi em 2006 que Gabiru escreveu seu nome na história do futebol mundial. No Internacional, após uma temporada sendo criticado pela torcida, entrou no segundo tempo da final do Mundial de Clubes, contra o Barcelona, e, aos 41 minutos do segundo tempo, marcou o gol mais importante de sua carreira. Ao receber um passe preciso de Iarley, driblou o goleiro Valdés e colocou a bola no fundo das redes, garantindo o título para o Colorado. Aquele momento de redenção transformou o alagoano em lenda do clube gaúcho.

Pepe (Porto - 2004 // Real Madrid - 2014 e 2016)

O Luso Brasileiro

Képler Laveran Lima Ferreira, o Pepe, é um dos poucos jogadores da história a conquistar três títulos mundiais de clubes por equipes diferentes, sempre como peça fundamental das defesas campeãs.

Seu primeiro título veio em 2004 pelo FC Porto, quando, ainda como jovem promessa de 21 anos, foi decisivo na campanha que culminou com a vitória na Copa Intercontinental sobre o Once Caldas da Colômbia (8-7 nos pênaltis, após 0-0 no tempo normal).

Uma década depois, já como estrela do Real Madrid, Pepe ergueu o troféu do Mundial de Clubes da FIFA 2014, no Marrocos. Na final contra o San Lorenzo (2-0), o zagueiro alagoano comandou uma defesa impenetrável, coroando ano em que já havia conquistado a tão desejada Décima Champions League.

O tricampeonato mundial veio em 2017, novamente pelo Real Madrid. Na final em Abu Dhabi contra o Grêmio (1-0), Pepe, então com 34 anos, deu show de experiência e foi eleito melhor jogador da partida, encerrando sua era madridista em grande estilo.

Estes três títulos mundiais (2004, 2014 e 2017) colocam Pepe no seleto grupo de defensores mais vitoriosos da história, com a particularidade de ter sido decisivo em três gerações diferentes - prova de sua longevidade e qualidade excepcional.

Roberto Firmino (Liverpool - 2019)

O sorriso que encantou o mundo

Roberto Firmino entrou para a história do futebol mundial em 2019, quando foi peça fundamental no título da Champions League pelo Liverpool. O atacante brasileiro, conhecido por sua inteligência tática e versatilidade, teve participação decisiva na campanha que culminou na vitória por 2-0 sobre o Tottenham na final em Madrid.

Firmino brilhou especialmente na fase de grupos e nas oitavas de final, marcando gols importantes e sendo o cérebro do trio de ataque ao lado de Salah e Mané. Seu estilo único de jogo, misturando criação de jogadas e pressão ofensiva, foi essencial para o estilo de jogo de Jürgen Klopp.

Além da Champions, o brasileiro ajudou o Liverpool a conquistar o Mundial de Clubes da FIFA 2019, marcando o gol da vitória na semifinal contra o Monterrey e sendo titular na final contra o Flamengo. Com estes títulos, Firmino consagrou-se como um dos maiores brasileiros a vestir a camisa do clube inglês.