COLUNA DO MARLON
Racismo é crime. Dentro e fora de campo
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Quando um técnico agride um árbitro negro com palavras racistas, o jogo muda. O placar já não importa. O que está em disputa é o que aceitamos como sociedade. E até onde vamos deixar que a violência siga disfarçada de hábito. De “coisa do futebol”.
A “bolha furou”. A sociedade mudou. O que acontece no estádio não fica mais no estádio. Quando há racismo em campo, a repercussão atravessa os muros do clube e chega à Justiça, à imprensa, à consciência coletiva!
Quando um técnico agride, ele ensina a agredir. Ensina que a cor da pele pode ser atacada. Ensina a perpetuar a desigualdade. Clubes são espaços de formação, e técnicos são líderes, devem ser exemplos.
Foi isso que aconteceu em São José da Tapera. O técnico Danillo Souza Pereira foi preso por injúria racial e solto após audiência de custódia. O árbitro Alex Lemos da Silva foi ofendido enquanto cumpria sua função. Foi atingido na cor da pele. Naquilo que ainda incomoda a muitos: a autoridade negra.
A Federação agiu. A Justiça respondeu. Mas não basta aplicar sanções. É preciso reformar mentalidades. Implantar ações contínuas nos clubes, preparar lideranças, educar atletas, formar torcidas. O futebol precisa deixar de ser abrigo para a omissão.
Racismo não é deslize. É crime. E não pode mais ser tolerado com a desculpa de sempre: “é só futebol”.
Porque não é.