A camisa 9 do CRB: peso, herança e cobrança

O torcedor do CRB saiu do estádio com uma sensação conhecida: o time jogou bem, competiu, teve intensidade… mas não venceu. Contra o líder Coritiba, mais uma vez, o Galo teve desempenho. Faltou o desfecho. Faltou o gol.

E quando falta gol, a luz vermelha acende direto sobre a camisa 9. No futebol brasileiro, o “homem-gol” carrega mais do que uma função — carrega a expectativa de um povo inteiro. E no CRB, essa cobrança é ainda mais pesada.

Mikael, após um ano de inatividade, soma 13 jogos e apenas um gol. Breno Herculano, somando CRB e Goiás em 2024, chega a 24 jogos e apenas 3 gols. E a matemática do futebol é cruel com quem joga nessa posição: centroavante que não faz gol vira alvo.

Mas a pressão não vem do nada. Vem da memória. E a memória regatiana é exigente. A camisa 9 do CRB é uma relíquia. Carrega história, nomes e marcas que atravessam gerações.

O maior de todos? Joãozinho Paulista. O João dos Gols. Foram 190 gols com o manto alvirrubro. Um ídolo que virou sinônimo da posição.

Nos últimos anos, a linhagem foi respeitada: 2018 – Neto Baiano: irreverente, provocador, campeão e carrasco do rival; 2019 – Léo Ceará: 12 gols na Série B, talento afiado; 2020 – Léo Gamalho: 18 gols, destaque na Copa do Brasil contra o Cruzeiro; 2022 a 2025 – Anselmo Ramon: 177 jogos, 83 participações diretas em gols, tetracampeão alagoano e dono de momentos inesquecíveis.

Anselmo criou identidade e fez história. Foram cerca de quatro temporadas que ficarão marcadas para sempre na memória do clube e do torcedor.

Por isso, a arquibancada cobra. Cobra porque já teve. Cobra porque sabe o que é ter um matador.

Nos bastidores, já se fala em movimentação da diretoria por um novo nome. O mercado será vasculhado. O tempo, esse não perdoa. O futebol exige resultados. E para vencer, é preciso alguém que transforme esforço em bola na rede.

A camisa 9 do CRB não é só um número. É um trono — e quem senta nele precisa ser rei.