Terra do torcedor misto… por enquanto

A nova pesquisa divulgada por O Globo e Ipsos-Ipec não deixa margem para dúvida. O Nordeste ainda é o território do torcedor misto. Apenas 39% torcem exclusivamente por clubes da região.

A maioria divide o coração, um time local, outro do eixo Sul/Sudeste. E, claro, o Flamengo lidera com folga.

Essa duplicidade sempre foi tratada com naturalidade. Na minha geração, dizer “sou CSA e Flamengo” ou “sou CRB e Botafogo” era comum, repetido nas resenhas como quem diz o nome completo. Mas essa lógica está mudando. Hoje, a nova geração já encara esse costume como ultrapassado. Tem jovem que considera quase uma ofensa ser chamado de misto. O discurso mudou.

A afirmação de “sou só CSA”, “sou só Bahia” ou “sou só Fortaleza” carrega agora um peso de identidade, de orgulho e de pertencimento que antes era diluído.

E isso não é por acaso. Com cinco clubes nordestinos na Série A do Brasileiro: Bahia, Fortaleza, Sport, Ceará e Vitória, o torcedor passou a ver seu próprio time no mesmo palco dos gigantes. Está na TV, nos debates, nas capas de sites, nos jogos grandes.

Quando o seu clube também chega lá, a necessidade de buscar outro fora perde força.

A pesquisa mostra onde ainda estamos. Mas os sinais apontam para onde estamos indo. Ser misto foi parte do nosso contexto. Mas já não é mais regra. E talvez, em breve, deixe de ser traço cultural para virar apenas uma lembrança de um tempo em que nossos clubes não tinham o espaço, nem a força, que hoje começam a conquistar.