COLUNA DO MARLON
Barroca, da lição da mãe ao comando do CRB
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Eduardo Barroca já viveu uma de suas maiores vitórias antes mesmo de pisar em um campo como treinador. Foi em 1999, quando correu pelas ruas de Del Castilho com um jornal nas mãos para mostrar à mãe, Dona Conceição, que havia passado no vestibular da UFRJ. O orgulho dela, que sempre repetia “faça a sua parte, estude, e tudo vai dar certo”, foi o combustível de uma trajetória marcada por estudo, disciplina e resiliência.
Esse fio invisível que liga a mãe ao filho atravessou os anos e desemboca agora no CRB. Cercado de desconfiança, ele aceitou um desafio fora do seu padrão — assumir uma equipe no meio da temporada — e, em poucos dias, conseguiu transformar o Galo com praticamente o mesmo elenco. Colocou Gegê e Danielzinho para jogarem juntos, definiu um esqueleto que o torcedor escala de memória e trouxe identidade a um time que hoje emociona até quando não vence, porque discute o jogo com qualidade.
Barroca não fala em modelo de jogo, prefere modelo de trabalho. É mais amplo: envolve metodologia de treino, preleções, gestão de grupo, relação com dirigentes e imprensa. É o retrato de um treinador que enxerga além das quatro linhas.
E se no passado a emoção foi ver o nome impresso no jornal para alegrar a mãe, hoje é ver o CRB em campo despertando sentimento na arquibancada. A torcida já não pede ‘fora Barroca’ nem nos tropeços, porque reconhece algo raro: a conexão verdadeira.
Por isso, fica a torcida não só pelas vitórias, mas pela longevidade. Só assim, de uma temporada para outra, ele terá os subsídios para elaborar o plano perfeito e buscar o grande objetivo do clube.