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ANIVERSÁRIO

CSA completa 112 anos com dor da queda e clamor por renascimento

Clube vive momento delicado após rebaixamento à Série D, mas torcedores e ex-dirigentes reforçam o lema “União e Força” como caminho para reconstrução

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Neste 7 de setembro, torcida não celebra apenas o passado glorioso do CSA, mas renova o compromisso com o futuro
Neste 7 de setembro, torcida não celebra apenas o passado glorioso do CSA, mas renova o compromisso com o futuro | Foto: Ailton Cruz

O CSA chega aos 112 anos neste domingo (7), marcado por um dos momentos mais difíceis de sua história. Em vez de festa, o clima é de luto, dor e reflexão. O rebaixamento à Série D do Campeonato Brasileiro, somado ao afastamento e posterior renúncia da presidente Mírian Monte, mergulhou o clube em uma crise institucional e esportiva sem precedentes. Mas mesmo em meio ao caos, há quem mantenha viva a esperança de reconstrução — ancorada no próprio lema azulino: “União e Força”.

A crise que abalou o Azulão

A queda para a quarta divisão nacional, sacramentada após a negativa do STJD em anular o jogo entre Guarani e Anápolis — em que o clube goiano atuou por alguns minutos com 12 jogadores —, escancarou falhas administrativas e técnicas que vinham se acumulando nos últimos anos. A eliminação precoce na Série C, a ausência de reforços à altura e o distanciamento do protagonismo regional criaram um cenário desolador.

O Conselho Deliberativo do CSA agiu rápido e afastou toda a diretoria. No dia seguinte, Mírian Monte entregou sua carta de renúncia. Sem comando efetivo e com feridas expostas, o clube decidiu celebrar o aniversário com uma cerimônia simbólica: uma missa no CT Gustavo Paiva e um bolo simples — uma forma de não deixar a data passar em branco, mesmo que o sentimento coletivo seja de luto.

Torcida do CSA lota o Rei Pelé
Torcida do CSA lota o Rei Pelé | Foto: Ailton Cruz

Memória, identidade e orgulho

Mesmo diante da crise, o CSA carrega uma história que inspira respeito e resistência. São 40 títulos estaduais, o histórico vice-campeonato da Copa Conmebol de 1999 — quando se tornou o primeiro clube nordestino a disputar uma final internacional — e o título da Série C de 2017, que recolocou o Azulão em evidência no cenário nacional.

Neste 7 de setembro, o torcedor não celebra apenas o passado glorioso, mas também renova o compromisso com o futuro. A data, para muitos, representa um marco: um chamado para unir forças, superar as divisões internas e reconstruir o CSA a partir das lições deixadas pela queda.

Arnon de Mello destacou que é preciso resgatar o lema do CSA
Arnon de Mello destacou que é preciso resgatar o lema do CSA | Foto: Divulgação

Vozes da história: ex-presidentes comentam o momento

A Gazeta ouviu dirigentes históricos do clube para entender como eles enxergam o momento atual e o que esperam para o futuro.

Arnon de Mello, presidente do CSA entre 1999 e 2001, responsável por levar o clube à histórica final da Conmebol, destacou a necessidade de resgatar o verdadeiro significado do lema azulino. “É nos momentos desafiadores que o nosso lema, União e Força, mostra todo o seu verdadeiro significado. Que esta data, em que celebramos a fundação do nosso time, seja também um convite à reflexão: somente unidos seremos fortes o suficiente para nos reinventar, superar obstáculos e abrir caminho para uma nova fase de vitórias e conquistas”, afirmou.

Abel Duarte considera situação azulina como momento de luto
Abel Duarte considera situação azulina como momento de luto | Foto: Acervo pessoal

Abel Duarte, que presidiu o Azulão em 2003 e de 2008 a 2009, classificou a situação como um momento de luto. “É um episódio triste na gloriosa história do CSA. Estamos todos de luto e é com esse sentimento que passaremos o aniversário do clube”, afirmou. Para ele, o foco agora precisa ser na reconstrução. “Mais que nunca, agora é hora de fazer valer o lema do clube, União e Força, se planejar e buscar reerguer o Azulão”.

Rafael Tenório, que comandou o clube em diferentes momentos entre 2015 e 2023, fez um diagnóstico contundente: “A situação é caótica. O que eu estou vendo é a mesma coisa de quando peguei o CSA em 2015. E hoje eu não tenho o menor interesse de voltar a presidir o CSA, em hipótese alguma. Era preciso eu não ter nenhum amor próprio, pois no CSA você perde tudo o que tem quando entra lá”.

Rafael Tenório disse que não tem interesse de presidir o CSA
Rafael Tenório disse que não tem interesse de presidir o CSA | Foto: Felipe Brasil

Euclydes Mello, ex-presidente entre 1996 e 1999 e responsável pelo tetracampeonato alagoano no período, lamentou a crise institucional. “A presidente Mírian pode ter cometido algum erro, mas acredito que foi na melhor das boas intenções. O CSA é um clube de massa, um clube grande”, disse. Questionado sobre um eventual retorno, respondeu com ironia: “Não aceitaria e indicaria um inimigo, porque um amigo eu não indicaria, com esse Conselho Deliberativo que está aí. Mas vamos lá, Deus é azulino, o céu é azul (risos) e vamos dar a volta por cima”.

Euclydes Mello lamenta, mas crê na volta por cima azulina
Euclydes Mello lamenta, mas crê na volta por cima azulina | Foto: Ailton Cruz

A voz da arquibancada

Entre os torcedores, o sentimento é de inconformismo e cobrança. Verenildo José Barros de Farias, da Velha Guarda azulina, foi direto: “A diretoria do CSA é culpada de tudo o que aconteceu. Na minha opinião, o rebaixamento foi proposital. Mas quando chegarem as eleições, vão aparecer vários candidatos. E eu espero que seja alguém que consiga reerguer o clube”.

Marcelo Jorge Rocha Santos compartilha da indignação: “Voltar para esse inferno da Série D é absurdo! Eu espero que a junta diretiva consiga resolver os problemas e marcar a eleição. E vamos ver quem vai se habilitar a tirar o CSA dessa situação complicada. Se aumentarem o número de clubes na Série D, então vai ficar mais difícil ainda”.

Ele também critica a gestão do futebol: “A diretoria sabia da queda do clube gradativamente e não contratou jogadores à altura. O futebol é um jogo de batalha. A diretoria não conseguiu identificar essa queda. Daí, aconteceu, né? Aconteceu o inesperado”.

Torcida do CSA lamenta crise dentro do Azulão
Torcida do CSA lamenta crise dentro do Azulão | Foto: Ailton Cruz

Um recomeço possível

Aos 112 anos, o CSA está diante de uma encruzilhada. A dor do rebaixamento, a crise institucional e a descrença da torcida colocam à prova a própria essência do clube. Mas também abrem espaço para uma reconstrução baseada em planejamento, humildade e união.

Este aniversário, embora sem festa, pode marcar um ponto de virada. Mais do que nunca, é hora de fazer valer o hino, o lema, a história. Para que, em breve, o Azulão volte a ser motivo de orgulho, dentro e fora de campo.

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