COLUNA DO MARLON
Entre a paixão e a credibilidade
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O jornalismo esportivo nasceu em 1854, na França, com o “Le Sport” relatando corridas e jogos. No Brasil, ganhou corpo nos anos 1910 e virou indústria. Hoje, ocupa rádios, TVs, jornais e, sobretudo, as redes sociais, onde o apito final não encerra nada, apenas abre outra rodada de opiniões.
O dilema, porém, continua: como falar de futebol, paixão nacional, sem se deixar engolir por ela? Como noticiar e analisar sem vestir a camisa que o público insiste em enxergar por baixo do paletó?
Gian Oddi, da ESPN, já cravou: “Jornalista não tem que dar chilique quando o time perde”.
Parece óbvio, mas nem sempre é. A arquibancada pede emoção, as redes exigem posicionamento, e o risco é transformar informação em catarse e notícia em torcida.
Alagoas conhece bem esse terreno. Basta lembrar de Arivaldo Maia, voz histórica que marcou gerações e provou que era possível vibrar sem perder a sobriedade. Ou de Márcio Canuto, que deu espaço ao povo e às arquibancadas, sem jamais abandonar a notícia. Ícones que mostraram que jornalismo pode emocionar sem se confundir com a torcida.
Futebol é entretenimento, como disse Leila Pereira, mas para o jornalista o entretenimento não pode atropelar a responsabilidade.
Nosso papel não é gritar gol mais alto que o torcedor, é traduzir o que acontece dentro e fora de campo.
Quando o jornalismo se rende ao senso comum da arquibancada, perde o que o sustenta: a credibilidade. E sem credibilidade não sobra história para contar. Só barulho