COLUNA DO MARLON
Dois jogos, duas lições para Ancelotti
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O futebol tem o dom de ensinar em capítulos curtos. Em poucos dias, a Seleção viveu dois — completamente diferentes.
Contra a Coreia, foi o jogo da leveza. Um 4-2-4 ousado, quatro atacantes móveis, amplitude dos lados e liberdade para criar. Rodrygo pela esquerda, Estêvão pela direita, Vinicius e Matheus Cunha por dentro. O time fluiu. Trocou passes com confiança, acelerou quando precisou e goleou com autoridade. Parecia reencontrar o prazer de jogar.
Diante do Japão, o cenário virou. Ancelotti montou um 4-3-3 mais controlado, preocupado em fechar o meio e cadenciar o ritmo. E funcionou — ao menos no primeiro tempo. O Brasil jogou bem, maduro, compacto, consciente. Superou uma equipe que não se entrega fácil, organizada, de marcação firme e movimentação precisa. Parecia o retrato do equilíbrio.
Mas o segundo tempo lembrou que talento sem concentração é castigo anunciado. Vieram erros bobos, passes errados, desatenção, e em vinte minutos tudo ruiu. Três gols. Uma virada. Um banho de realidade.
O recado foi claro: o Brasil está no caminho, mas ainda não sabe percorrê-lo inteiro. Tem padrão, tem ideias, mas precisa aprender a sustentar desempenho quando o jogo pesa.
Ancelotti tenta transformar talento em método, brilho em consistência. E talvez essa seja a maior lição dessa data Fifa: jogar bonito é bom, mas competir com maturidade é o que separa quem encanta de quem vence.