COLUNA DO MARLON
A fatura do futebol: a bolha vai estourar
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O futebol brasileiro entrou num delírio coletivo. O dinheiro das bets e das ligas criou uma euforia que não combina com a estrutura real dos clubes, as SAFs gastam antes de arrumar a casa e os salários seguiram rumo de fantasia. Lyon e Vasco mostram sem romance que, quando o dono muda o humor, o castelo desaba. SAF é empresa, empresa quebra. Associação não quebra porque alonga dívida, renegocia e sobrevive. Fôlego não é prosperidade.
A Série B virou vitrine do exagero. O presidente do Cuiabá disse o que muita gente cochicha: “Tem clube gastando 120 milhões com receita de 40”. E completou: “Tem jogador ruim ganhando 150 mil reais”. A realidade é dura, mas é essa. A conta não fecha para ninguém.
O Avaí é o alerta máximo. Recuperação judicial, acordos descumpridos e risco real de falência técnica. Não é pessimismo, é o roteiro óbvio de quem gasta como se o dinheiro fosse infinito.
E aqui está o ponto que incomoda. O CRB não vive fora desse ambiente. O atraso recente foi fluxo de recebimento, não irresponsabilidade, mas isso não muda o cenário geral. Se embarcar no “vai lá e traz” que parte da torcida sonha, entra no mesmo buraco que engoliu clubes maiores. No futebol, a matemática sempre vence o discurso.
A bolha está formada, SAFs aceleradas, bets instáveis, ligas entregando menos do que prometem e direitos de TV limitados. O país do futebol virou o país do improviso financeiro.
Vão sobreviver os clubes que tratarem futebol como projeto, não impulso. Os que entenderem que disciplina não diminui ambição, sustenta. Os que preferirem o pé no chão à ilusão de grandeza instantânea.
A fatura do futebol está aí. E a bolha, cedo ou tarde, vai estourar.
