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COLUNA DO MARLON

Futebol de base, o atalho que custa caro

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Imagem ilustrativa da imagem Futebol de base, o atalho que custa caro
| Foto: (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

O futebol brasileiro gosta de repetir que mudou. Repete tanto que passou a acreditar. Mudou, sim. O problema é o que ficou pelo caminho enquanto todos celebravam a tal modernidade.

O Brasileirão de 2025 não deixa margem para debate emocional. Os números falam alto, seco, sem pedir interpretação generosa. Nunca se contratou tanto jogador de fora. Nunca se formou tão pouco dentro. A base, que já foi pilar, virou detalhe. Quando lembrada, quase sempre aparece no discurso, raramente na prática.

Em cinco anos, o país aumentou em quase 80% a utilização de atletas estrangeiros. No mesmo período, a presença de jogadores formados nos próprios clubes caiu mais de um terço. Não é coincidência. É escolha. O futebol brasileiro decidiu trocar processo por atalho.

Formar dá trabalho. Exige paciência, método, gente qualificada e, principalmente, convicção. Contratar é mais simples. Resolve o agora, acalma arquibancada, rende manchete. O problema é que o agora passa rápido. A conta fica.

O dado mais constrangedor está nos detalhes que poucos gostam de encarar. Bahia, Ceará, Fortaleza e Mirassol atravessaram 38 rodadas sem colocar em campo um único atleta formado em casa. Zero. Nenhum. Em clubes com centro de treinamento, discurso de gestão moderna e frases prontas sobre sustentabilidade. A pergunta surge sozinha, se a base não entra nem quando o calendário aperta, para quê ela existe?

A base deixou de ser projeto e virou plano de emergência. Só aparece quando o caixa estoura ou quando o mercado falha. Enquanto isso, meninos talentosos viram números em planilha ou promessas eternas em empréstimos que nunca acabam.

O futebol brasileiro sempre sobreviveu porque produziu. Revelou, exportou, reinventou. Abandonar a formação não é evolução. É miopia estratégica. Quem troca futuro por urgência costuma pagar caro. E no futebol, o juros não vem em parcelas. Vem em queda técnica, perda de identidade e dependência constante de soluções que nunca duram.

A base não pede romantismo. Pede respeito. Porque sem formar, o futebol brasileiro deixa de ser protagonista e passa a ser apenas consumidor. E isso, convenhamos, é um rebaixamento que não aparece na tabela.

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