Delega��es da Am�rica Latina se dizem pessimistas com a Rio +10
Johannesburgo (África do Sul) Três dias depois do início das negociações informais da Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, em Johannesburgo (África do Sul), as delegações latino-americanas não ocultam seu pessimis
Por | Edição do dia 28/08/2002 - Matéria atualizada em 28/08/2002 às 00h00
Johannesburgo (África do Sul) Três dias depois do início das negociações informais da Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, em Johannesburgo (África do Sul), as delegações latino-americanas não ocultam seu pessimismo frente ao bloqueio que sofrem as questões relativas à pobreza e à cooperação e se mostram mais otimistas em conseguir resultados nas questões ambientais. Sabemos que a questão dos subsídios agrícolas e a ajuda pública ao desenvolvimento, ambas prioritárias para a América Latina, vão ser muito difíceis e que as discussões se prolongarão até o último momento, declarou a ministra venezuelana do Meio Ambiente, Ana Elisa Osorio. Ontem o primeiro grande choque entre Norte e Sul se fez sentir no plenário da conferência da Organização das Nações Unidas (ONU)) dedicado à agricultura, onde ficou claro uma vez mais que as posturas dos dois hemisférios são irreconciliáveis. Desrespeito É lamentável. Os Estados Unidos e a Europa não respeitam as regras do jogo e continuam gastando milhões em subsídios, mas os países latino-americanos não cederão até conseguir um compromisso prático sobre a redução progressiva dessas ajudas, afirmou Osorio, cujo país preside o Grupo dos 77 (países em desenvolvimento). A América Latina e o Caribe chegaram a Johannesburgo com uma iniciativa comum para o desenvolvimento sustentável. Otimistas? Queremos ser, mas enquanto países como os Estados Unidos, Canadá, Japão, Nova Zelândia ou Austrália condicionarem seus avanços em cooperação à abertura dos países em desenvolvimento e rejeitarem uma globalização com rosto humano, o futuro do planeta está em perigo, declarou o ministro do Meio Ambiente da Costa Rica, Carlos Manuel Rodríguez Echandi. Segundo a negociadora da delegação colombiana, Jimena Nieto, o maior êxito para a região latino-americana na cúpula de Johannesburgo será incluir no plano de ação uma menção contra a ética para o desenvolvimento sustentável, conceito que esteve presente na Agenda 21 durante a Eco-92 e desapareceu do rascunho do documento que se discute na África do Sul. Isso significa mudar nossos valores, assumir nossas responsabilidades na hora de lutar contra a pobreza, afirmou Nieto. Na falta de acordos nos âmbito econômico e social, a América Latina avança unida na questão das energias renováveis, que deverão representar 10% do total até o ano 2010, segundo uma proposta bem fundamentada que recebeu o apoio de organizações como o Greenpeace e o WWF. Plantas narcóticas Também se conseguiu que seja incluída no plano de ação para a próxima década uma cláusula sobre o fortalecimento da cooperação para combater as plantas narcóticas, medida importante para países como a Colômbia. Além disso, se negocia o acesso aos recursos genéticos dentro do Grupo dos 77. A reunião preparatória de Bali (Indonésia) em maio passado foi horrível, não havia como conciliar posturas, mas agora as delegações sentem a urgência e em termos ambientais está havendo avanços. Mas talvez se deva somente ao fato de querer evitar as questões mais espinhosas, as que provocarão maior polêmica, declarou Nieto.