G�s usado em Moscou � mais potente que hero�na
Moscou Depois de vários dias de suspense e críticas do governo dos EUA, a Rússia disse ontem que o gás usado na ação de resgate dos cerca de 800 reféns presos em um teatro de Moscou por rebeldes chechenos, no sábado (26), é um derivado do Fentanyl, um n
Por | Edição do dia 31/10/2002 - Matéria atualizada em 31/10/2002 às 00h00
Moscou Depois de vários dias de suspense e críticas do governo dos EUA, a Rússia disse ontem que o gás usado na ação de resgate dos cerca de 800 reféns presos em um teatro de Moscou por rebeldes chechenos, no sábado (26), é um derivado do Fentanyl, um narcótico potente à base de opiáceo e usado como anestésico. A declaração foi feita pelo ministro da Saúde da Rússia, Yuri Shevchenko. O produto é incluído na categoria de entorpecentes, bastante apreciado pelos viciados em drogas. A substância é consideradas centenas de vezes mais potente do que a heroína. O analgésico, utilizado para combater a dor, tem como principal inconveniente provocar depressões respiratórias. A gravidade dessas depressões é ligada à dose administrada, pelo que o produto necessita de um acompanhamento constante do paciente. O Fentanyl pode também desencadear uma sudorese exagerada, acompanhada de hipotensão, vômitos, náuseas, sonolência, dificuldades em engolir, rigidez muscular, alucinações e delírios. A insuficiência respiratória pode ser contida com a injeção de doses de um outro produto, a naloxona. Sintetizado na Bélgica no final dos anos 50, o Fentanyl passou a ser rapidamente utilizado em medicina tendo sido, logo, descoberto pelos usuários de drogas. Segundo uma associação de luta contra as drogas, nos EUA cerca de 12 derivados deste medicamento foram produzidos em laboratórios clandestinos. Novas vítimas Dois reféns que foram resgatados do teatro na sexta-feira pela polícia russa morreram ontem em um hospital russo. A informação foi confirmada por Lyubov Zhomova, porta-voz do comitê de saúde de Moscou, mas a causa das mortes não foi divulgada. Dos 119, apenas dois deles morreram por ferimentos a bala, o que dá a idéia de que as duas vítimas de ontem sucumbiram à inalação do gás utilizado pela polícia russa durante o resgate. Os 50 rebeldes que atuaram na tomada do teatro também morreram, totalizando 169 mortos. De acordo com os últimos dados, dos 800 reféns, além dos 119 mortos, 245 estão ainda hospitalizados, entre os quais nove crianças. Entre os que permanecem hospitalizados, há 16 em estado grave. O embaixador Alexander Vershbow voltou a lamentar, em nome do governo russo, que a falta de informação tenha contribuído para a confusão depois que a operação imediata para libertar os reféns tinha acabado.