ONU diz haver 70 mil soldados crian�as em combate na �sia
Bangcoc As Nações Unidas pediram ontem a desmobilização de cerca de 70 mil crianças que combatem em exércitos nacionais e grupos rebeldes no leste da Ásia. Alguns desses soldados têm apenas sete anos de idade. O Unicef (Fundo da ONU para a Infância) di
Por | Edição do dia 31/10/2002 - Matéria atualizada em 31/10/2002 às 00h00
Bangcoc As Nações Unidas pediram ontem a desmobilização de cerca de 70 mil crianças que combatem em exércitos nacionais e grupos rebeldes no leste da Ásia. Alguns desses soldados têm apenas sete anos de idade. O Unicef (Fundo da ONU para a Infância) disse que muitas das crianças são recrutadas à força e submetidas a abusos físicos e psicológicos. São treinadas para a violência e se tornam elas mesmos violadores, e violadores violentos, afirmou a diretora-executiva Carol Bellamy após divulgar um relatório sobre o tema. Se são meninas, normalmente são levadas a oferecer sexo em uma idade muito precoce, prosseguiu Bellamy, acrescentando que muitas crianças são obrigadas a estuprar e matar, e outras vêem parentes e amigos sendo assassinados. Segundo ela, a maioria das pessoas costuma associar o problema das crianças em guerra à África, mas que um quarto dos 300 mil menores combatentes estão no leste da Ásia, um continente que, segundo ela, não é só o ambiente pacífico que as pessoas imaginam. O estudo do Unicef cobriu Camboja, Timor Leste, Indonésia, Myanmar, Papua Nova-Guiné e Filipinas. A idade média do recrutamento dos menores é 13 anos. Entre 69 crianças entrevistas, a mais jovem tinha sido recrutada à força aos sete anos. O Unicef quer o cumprimento da Convenção sobre os Direitos das Crianças, estabelecida em 1990, que estipula em 15 anos a idade mínima para o recrutamento. O órgão da ONU também apóia a ratificação de uma emenda para elevar essa idade para 18 anos. Um dos países onde a situação é mais grave é Myanmar (antiga Birmânia). O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro acaba de visitar o país, como observador dos direitos humanos para a ONU, e pediu que a junta militar permita a investigação sobre o recrutamento forçado de crianças como soldados. Recentemente, a entidade Human Rights Watch disse que há 70 mil crianças lutando só em Myanmar. Da nossa parte, fomos um pouco conservadores nas estimativas, disse Bellamy. Mas seja qual for o número, ele é alto.