Argentina acaba corralito e libera saques banc�rios
Buenos Aires - Inesperadamente, o ministro da Economia, Roberto Lavagna, anunciou nesta sexta-feira a eliminação do corralito (congelamento de depósitos bancários). Lavagna disse que, a partir de segunda-feira, serão suspensas as restrições à livre dispon
Por | Edição do dia 23/11/2002 - Matéria atualizada em 23/11/2002 às 00h00
Buenos Aires - Inesperadamente, o ministro da Economia, Roberto Lavagna, anunciou nesta sexta-feira a eliminação do corralito (congelamento de depósitos bancários). Lavagna disse que, a partir de segunda-feira, serão suspensas as restrições à livre disponibilidade de contas correntes e de cadernetas de poupança. O anúncio, que pegou os analistas econômicos de surpresa, foi feito poucos dias antes do primeiro aniversário do corralito, criado a 3 de dezembro do ano passado pelo então ministro da Economia Domingo Cavallo. Custou quase um ano para chegarmos até este ponto, suspirou Lavagna, durante uma entrevista à imprensa poucas horas antes de viajar à Europa, onde irá reunir-se com credores privados internacionais. Segundo ele, neste ano de congelamento bancário, a sociedade argentina passou por grandes riscos, como o de uma hiperinflação. O corralito foi uma das principais causas da queda do governo do presidente Fernando de la Rúa (1999-2001) e da maior parte dos protestos populares ocorridos ao longo do último ano. Com o fim do congelamento ficarão livres, novamente, 21 bilhões de pesos (US$ 6 bilhões). Lavagna não acha que estes fundos serão destinados à compra de dólares, mas irão direto para o consumo. Imediatamente após o anúncio, os analistas econômicos sustentavam que o fim do corralito não teria um impacto econômico significativo. Mas representaria uma vantagem política importante para o débil governo do presidente Eduardo Duhalde. Apesar da eliminação do corralito, continua o corralón: criado em janeiro por Duhalde, ele congela os depósitos a prazo fixo. A medida envolveu os depósitos em dólares, que foram pesificados (transformados em pesos, numa cotação significativamente inferior). Aumento Mas, depois das boas novas, Lavagna trouxe más notícias para os argentinos. O ministro informou que já está pronto o projeto para o aumento das tarifas das empresas de serviços públicos privatizados. Os aumentos levarão em conta o nível econômico de cada família. Os setores mais pobres ficarão livres dos reajustes. A energia elétrica subirá 9% (42,3% dos usuários ficarão sem o aumento), enquanto o gás aumentará 7,2% gás (32% dos usuários não serão afetados). Uma alta fonte do Ministério da Economia disse que as negociações com o FMI só continuam em andamento por causa das pressões que o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos faz sobre esse organismo financeiro.