Envelhecimento pode provocar colapso global
O mundo está à beira de um colapso devido ao fato de que a população idosa vai superar a de jovens mais rápido do que se espera, disse ontem um especialista em população. Ainda há tempo para evitar uma crise, afirmou Richard Jackson, pesquisador da en
Por | Edição do dia 26/11/2002 - Matéria atualizada em 26/11/2002 às 00h00
O mundo está à beira de um colapso devido ao fato de que a população idosa vai superar a de jovens mais rápido do que se espera, disse ontem um especialista em população. Ainda há tempo para evitar uma crise, afirmou Richard Jackson, pesquisador da entidade Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington, em um relatório para o Citigroup. Ele diz que, com o envelhecimento e a redução da natalidade, os custos da previdência ficam insustentáveis, pois há menos contribuintes, e o mercado financeiro pode virar um caos. Jackson defende o sistema previdenciário em que cada trabalhador custeia sua própria aposentadoria, com depósitos em uma conta pessoal. O problema, segundo ele, atingirá primeiro os países desenvolvidos e depois as nações pobres, mas será mais grave principalmente na China. Enquanto os países desenvolvidos enriqueceram antes de envelhecer, a China vai envelhecer antes, disse Jackson, citando um autor chinês, Lin Ying. Jackson nota que nos últimos 50 anos a expectativa de vida deu um salto maior do que nos cinco milênios anteriores, e que isso deveria ser visto não só como uma conquista. Por causa do envelhecimento, ele prevê que em 20 anos a Europa estará encerrando uma década de estagnação e que o Japão terá de recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI). O envelhecimento global ameaça quebrar os países desenvolvidos, desestabilizar a economia global e até mesmo romper a ordem geopolítica, disse Jackson em um seminário em Cingapura. Dentro de cinco a dez anos, a demografia vai mudar, e a janela da oportunidade vai se fechar, afirmou. Os líderes precisam agir antes que seja tarde. As sugestões dele são que os governos criem empregos para os mais velhos, retardem as aposentadorias e dêem incentivos para as famílias com filhos. Nos países desenvolvidos, a população com mais de 65 anos representava 15% do total na virada do século, número que deve saltar para 27% até 2050. O Japão, que já tem a maior quantidade de velhos no mundo, deve chegar a ter 35% de idosos.