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Nº 5822
Internacional

Nig�ria condena jornalista � morte

O Estado de Zamfara, no norte da Nigéria, de maioria muçulmana, anunciou ontem um decreto religioso (fatwa) pedindo aos fiéis que matem a jornalista que escreveu um artigo sobre o concurso de Miss Mundo considerado uma blasfêmia pelos muçulmanos. O decre

Por | Edição do dia 27/11/2002 - Matéria atualizada em 27/11/2002 às 00h00

O Estado de Zamfara, no norte da Nigéria, de maioria muçulmana, anunciou ontem um decreto religioso (fatwa) pedindo aos fiéis que matem a jornalista que escreveu um artigo sobre o concurso de Miss Mundo considerado uma blasfêmia pelos muçulmanos. O decreto religioso é dirigido contra a jornalista Isioma Daniel, afirmou Umar Dangaladina, assessor de comunicação do Estado de Zamfara. “O islamismo prevê a pena de morte contra qualquer pessoa, independentemente de sua fé, que insulte o profeta [...]. Consequentemente, o Estado aceitou esse veredicto que se aplica a Isioma. Essa é nossa posição”, disse. Daniel escreveu um artigo, publicado no dia 16 de novembro pelo jornal nigeriano “This Day”, que sugeria que o profeta Muhammad (Maomé), fundador do islamismo, poderia se casar com uma das concorrentes ao título de Miss Mundo. O artigo provocou na semana passada uma série de protestos em diversas partes da Nigéria, principalmente na cidade de Kaduna, no norte do país. Os confrontos deixaram mais de 200 mortos e levou os organizadores do concurso de beleza a transferir a final do Miss Mundo para Londres. Daniel se viu obrigada a apresentar sua demissão depois dos primeiros distúrbios em Kaduna. Segundo um porta-voz do jornal, ela teve de sair com urgência da Nigéria. O “This Day” pediu desculpas a seus leitores no dia seguinte à publicação do artigo e afirmou que um dos editores havia tentado retirar a frase considerada ofensiva antes da publicação do jornal, mas que por razões técnicas o parágrafo saiu impresso. Segundo Dangaladima, “o governo do Estado de Zamfara não teve a iniciativa de emitir a fatwa. A decisão foi adotada depois de uma reunião entre o governo e 21 organizações islâmicas”. Ontem à noite, durante discurso pronunciado ante chefes religiosos em Gusau, capital do Estado de Zamfara, e transmitido pela rádio nacional, o vice-governador Mamuda Aliyu Shinkafi declarou que, “como no caso de Salman Rushdie, o sangue de Isioma Daniel pode ser derramado”. “É obrigatório para todos os muçulmanos, onde quer que se encontrem, considerar o assassinato da autora do artigo como um dever religioso”, afirmou. O escritor britânico de origem indiana Salman Rushdie tornou-se mundialmente conhecido em 1988, quando o então líder religioso do Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini, decretou uma fatwa (decreto religioso, no caso uma sentença de morte) contra ele. Rushdie havia publicado o livro “Versos Satânicos”, tido por Khomeini como uma blasfêmia contra o profeta Muhammad. Desde a sentença, o escritor já teve 30 endereços diferentes.

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