Astronauta descreve beleza da Terra antes de morrer

Washington – Um dia antes da tragédia, a astronauta americana Laurel Clark, 41, mãe de um garoto de 8 anos, mandou do Columbia um e-mail para sua família e amigos. A mensagem, divulgada ontem, começa dizendo: “Olá! Daqui de cima do nosso magnífico planeta Terra a perspectiva é verdadeiramente inspiradora. Esta é uma missão sensacional e nós estamos muito ocupados fazendo experimentos científicos durante 24 horas. Ter um tempinho para escrever um e-mail é muito precioso, por isso ele será curto e enviado para muitas pessoas que eu conheço e amo”. E prossegue o e-mail: “Tenho visto imagens inacreditáveis: relâmpagos se espalhando sobre o Pacífico, a aurora austral iluminando todo o horizonte, com as luzes urbanas da Austrália abaixo, a lua crescente se pondo sobre a Terra, as vastas planícies da África e dunas de Cape Horn (sul do Chile), rios passando pelas altas montanhas, as marcas deixadas pelo homem, a linha contínua da vida, estendendo-se desde a América do Norte, passando pela América Central e indo até a América do Sul, a lua crescente se pondo sobre o nosso planeta azul”. Num outro parágrafo, a astronauta conta que “O monte Fuji parece uma pequena saliência daqui de cima, mas se destaca como um ponto de referência. Como mágica, logo no primeiro dia, sobrevoamos o lago de Michigan e eu vi claramente o Wind Point (ponto do vento), em Wisconsin (sua terra natal). Desde então, nunca mais tive tanta sorte. A cada órbita que fazemos vejo mais um pequeno pedaço da Terra. Naturalmente, na maior parte do tempo, eu fico trabalhando dentro da espaçonave e não vejo nada disso. Mas, quando eu consigo dar uma espiada para fora, é glorioso. Até as estrelas possuem um brilho especial. Eu tenho visto o meu “amigo” Orion várias vezes. “Tirar fotos da Terra”, continua o e-mail, “é um verdadeiro desafio. Eu acho que consegui tirar bonitas fotos nos últimos dois dias. Cruzo meus dedos para que as fotos tenham foco. Minha visão de perto fica um pouco pior aqui em cima, por isso vocês devem ter visto fotos/vídeos meus usando óculos. Eu me sinto abençoada por estar aqui representando o meu país e desenvolvendo experiências de cientistas de todo o mundo. Todas as experiências conseguiram atingir a maioria de seus objetivos, apesar dos inevitáveis tropeços que acompanham estas pesquisas complicadas. Alguns experimentos já foram feitos, e um deles acabou de ser iniciado hoje”. Concluindo, Laurel Clark diz que “A comida é ótima e eu estou me sentido bastante confortável neste novo e totalmente diferente ambiente. Ainda demora um pouco para comer já que a gravidade não ajuda a empurrar a comida para dentro do esôfago. Também é um desafio constante se manter hidratado. Como os líquidos são empurrados para as nossas cabeças, a sensação de sede quase não existe. Agradeço a todos vocês que têm dado apoio a mim e às minhas aventuras ao longo dos anos. Esta aqui é definitivamente a melhor de todas. Eu espero que vocês sintam a energia positiva que é lançada para todo o planeta quando a gente sobrevoa o nosso compartilhado planeta. Abraços a todos, Laurel”. Buscas ampliadas O Columbia explodiu no sábado quando reentrava na atmosfera terrestre. Os sete tripulantes da nave morreram. Especialistas que estão investigando a explosão do ônibus espacial ampliaram pelo oeste dos Estados Unidos as buscas por destroços e por restos dos corpos dos astronautas. As buscas que estão sendo feitas no Texas e em Louisiana serão estendidas até a Califórnia. Um professor que mora na Califórnia disse à Nasa que viu placas térmicas caindo do ônibus espacial enquanto observava a nave caindo em direção à Flórida por telescópio.