SÃO PAULO - Além de premiar investigações recentes e inovadoras sobre pobreza e educação infantil, o Nobel de Economia tangenciou a questão do desequilíbrio de gênero na área, ao incluir a franco-americana Esther Duflo entre os três laureados deste ano.
Criada há exato meio século, a premiação mais importante da área econômica havia sido concedida, até então, a uma única mulher: Elinor Ostrom, em 2009.
Os outros dois premiados, em 2019, foram o americano nascido na Índia Abhijit Banerjee, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), com quem Duflo é casada, e o americano Michael Kremer, da Universidade Harvard.
Além de ser a segunda mulher laureada na história do Nobel de Economia, Duflo, de 46 anos, assumiu a marca de mais jovem economista a receber a honraria.
"Espero que mostrar que é possível para uma mulher ser bem-sucedida e reconhecida pelo sucesso irá inspirar muitas, muitas outras mulheres a continuar trabalhando e muitos outros homens a lhes dar o respeito que merecem", disse a pesquisadora, que também é do MIT.
Tanto em pesquisas individuais como em trabalhos conjuntos, os três pesquisadores fizeram ao longo das últimas duas décadas trabalhos pioneiros, muitos deles a partir de experimentos com populações em países pobres, como Quênia e Índia.
Ao ir a campo e testar hipóteses, os três economistas trouxeram evidência de que mais livros didáticos nos currículos e refeições gratuitas em escolas têm efeitos pequenos sobre a aprendizagem. Muito mais eficaz, segundo suas conclusões, são ações desenhadas especificamente para ajudar os alunos com maiores dificuldades.
"As descobertas da pesquisa dos ganhadores do prêmio de ciências econômicas de 2019 melhoraram dramaticamente nossa habilidade de combater a pobreza na prática", afirmou a Academia Real Sueca de Ciências, responsável pela premiação.
Na mesma nota, a instituição afirmou que, como resultado de um dos estudos do trio, mais de 5 milhões de crianças indianas têm se beneficiado de programas de reforço escolar nas escolas do país asiático.
A Academia ressaltou que os métodos e hipóteses de investigação de Kremer -o primeiro dos três a pesquisar o tema-, Duflo e Banerjee contribuíram para a reformulação da área de economia do desenvolvimento.
No breve anúncio inicial da premiação, nesta manhã, foi ressaltado o impacto dos estudos dos três pesquisadores para o combate à pobreza global.
Mas ao apresentar os principais trabalhos dos economistas, em materiais divulgados em seguida, há várias menções a estudos relacionados à educação.
O casamento entre os dois temas ocorreu na esteira de evidências crescentes, colhidas nas últimas décadas, da importância da aprendizagem para as condições de vida futura -como renda, saúde e empregabilidade- de crianças e jovens.
Entre outras áreas relacionadas à pobreza estudadas pelos autores, estáo saúde e microcrédito.