Internacional
Estados Unidos mostram corpos de Uday e Qusay

Bagdá - Especialistas em medicina legal do Exército dos Estados Unidos mostraram ontem a jornalistas, em Bagdá, os corpos que, segundo Washington, são de Uday e Qusay, filhos do presidente iraquiano deposto, Saddam Hussein. ?Vi os corpos e eles parecem ser de Uday e Qusay?, disse o correspondente da agência de notícias Reuters Andrew Marshall. Autoridades dos EUA dizem ter certeza de que suas tropas mataram os irmãos em ataques a uma casa na cidade de Mossul (norte do Iraque) na terça-feira (22). É importante para os EUA convencer os iraquianos de que não têm mais motivos para temer a família do antigo regime, mas muitos dizem que continuam em dúvida após terem visto as fotos dos corpos. Autoridades dos EUA acrescentaram que não há evidências de que Uday e Qusay tenham se matado, acrescentando que cada corpo tem mais de 20 ferimentos a bala. Um oficial militar disse que os corpos passaram por ?reconstrução facial?. Autoridades americanas em Bagdá divulgaram ontem duas fotos do torso e do rosto de Uday, 39, e duas fotos de Qusay, 37. Para efeito de comparação, as imagens estão acompanhadas de fotos dos irmãos vivos e chapas de raio-X aparentemente usadas para identificar Uday. Segundo Washington, os filhos de Saddam foram mortos na terça-feira quando 200 soldados dos EUA atacaram seu esconderijo em Mossul (norte do Iraque) com helicópteros, granadas, artilharia pesada e mísseis antitanque. A decisão de divulgar as fotos foi tomada pelo secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, segundo o coronel George Rhynedance. A decisão do Exército dos EUA de divulgar as fotos é controversa ?o Pentágono criticou redes de TV árabes quando mostraram imagens de soldados americanos mortos e capturados durante a Guerra. A Convenção de Genebra (1949) sobre prisioneiros de guerra estabelece que as pessoas capturadas durante os conflitos não devem ser filmadas ou fotografadas. Uday e Qusay, porém, foram mortos em combate e não se enquadram na descrição de prisioneiros. ?Foi algo bom matar Uday e Qusay??, disse Colin Powel Cairo e Londres - O secretário de Estado, Colin Powell, considera que os soldados americanos fizeram algo de bom ao matar Uday e Qusay, os filhos do presidente deposto iraquiano Saddam Hussein, em entrevista publicada ontem pelo jornal árabe ?Al Hayat?. ?Desfazer-se dos dois foi algo bom?, afirmou Powell, afirmando que enquanto permaneceram vivos a visão do futuro iraquiano era incerta. ?Os filhos [de Saddam] foram mortos e, acredito que agora o povo do país poderá ter esperança em um futuro melhor?, disse o americano. ?Talvez tivessem informações úteis, mas resistiram (...). Nossos soldados só fizeram o que era necessário neste caso: responderam aos disparos?, disse Powell ao ser questionado se não teria sido melhor prender os filhos de Saddam. ?Esses dois homens eram responsáveis pela morte de numerosos iraquianos inocentes e muçulmanos?, acrescentou o secretário de Estado da administração Bush. ?Não vamos parar até que todos eles desapareçam, sobretudo Saddam Hussein?, finalizou Powell. O americano pediu ao ?mundo árabe que olhe atentamente para as valas comuns repletas de corpos de muçulmanos mortos não pelos Estados Unidos ou pelo Reino Unido, mas pelo regime de Saddam Hussein e seus dois filhos?. Desde a queda do regime de Saddam Hussein em abril, foram descobertos milhares de cadáveres em valas comuns no Iraque. -Saddam Hussein e seus dois filhos partiram de Bagdá em meados de abril, quando os tanques americanos já estavam no centro da cidade, afirmou em Londres um ex-guarda-costas de Udai, o filho mais velho do ex-líder iraquiano, em entrevista exclusiva publicada ontem jornal The Times. ?Eles poderiam ter deixado Bagdá muito antes, mas sua intenção era ficar para combater os invasores?, insistiu o ex-guarda-costas, que pediu para ser identificado pelo pseudônimo Abu Tiba. Mas mesmo depois de terem saído da capital, Saddam Hussein e seus dois filhos continuaram dirigindo a resistência às forças anglo-americanas. Udai teria se ocupado pessoalmente de dirigir o movimento dos Fedayeens de Saddam, uma milícia paramilitar favorável ao ex-presidente iraquiano. ?É o que tinham planejado durante a última reunião em Bagdá?, acrescentou.