Ex-ministro Cavallo � preso por suposto contrabando de armas
Buenos Aires O ex-ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, foi preso ontem de manhã no quartel general da Gerdarmería Nacional (espécie de polícia militarizada argentina), em Buenos Aires, após prestar depoimento por mais de uma hora ao ju
Por | Edição do dia 04/04/2002 - Matéria atualizada em 04/04/2002 às 00h00
Buenos Aires O ex-ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, foi preso ontem de manhã no quartel general da Gerdarmería Nacional (espécie de polícia militarizada argentina), em Buenos Aires, após prestar depoimento por mais de uma hora ao juiz federal Julio Speroni que ordenou a prisão por considerá-lo envolvido no suposto contrabando de armas para a Croácia e Equador, ocorrido durante o primeiro mandato do presidente Carlos Menem, entre 1991 e 1995. O juiz tem até 10 dias para decretar a prisão preventiva do ex-ministro. Se for condenado por contrabando grave, Cavallo pode passar de quatro a 12 anos na prisão. Ele teria assinado os decretos que permitiram a venda ilegal de armas para estes países quando era ministro da Economia de Menem. A investigação analisa um carregamento de canhões, rifles, munição e pólvora que tinha como destinatários Panamá e Venezuela. Mas os armamentos acabaram chegando à Croácia, apesar do embargo de armas da Organização das Nações Unidas (ONU) ao país, e ao Equador, na época em conflito fronteiriço com o Peru - a Argentina era mediadora do confronto. Cavallo era o único dos acusados de envolvimento no contrabando que havia conseguido escapar da Justiça. No ano passado, Menem chegou a ser condenado a prisão domiciliar sob a acusação de formar uma organização para a venda ilegal de armamentos. O ex-presidente da Argentina, que governou o país de 1989 a 1999, cumpriu sentença por cinco meses e treze dias em sua luxuosa casa de campo até uma decisão da Suprema Corte da Justiça que o colocou em liberdade. Provas Para a Corte, não havia provas suficientes do envolvimento de Menem no esquema. Ele cumpria prisão domiciliar porque, pela lei argentina, pessoas com mais de 70 anos têm esse direito. Menem tem 71 anos.Outros membros do governo Menem chegaram a ter prisão decretada pela Justiça pelo envolvimento no contrabando. Entre eles, o ex-assessor e ex-cunhado de Menem, Emir Yoma, o ex-comandante do Exército, Martin Balza, e o ex-ministro da Defesa, Antonio Ermán González. Mentor do regime de conversibilidade, que mantinha o peso em paridade ao dólar, Cavallo é hoje uma das figuras mais impopulares da Argentina. Desde que deixou o Ministério da Economia, que ocupava pela segunda vez no governo de Fernando de la Rúa (1999-2001), ele mantinha-se isolado, temendo a ira popular.