Bagda – O presidente do Iraque, Saddam Hussein, suspendeu  por 30 dias, a partir de ontem, as exportações de petróleo a países aliados de Israel. A medida, que já  havia sido comentada nos últimos dias por membros do governo, foi anunciada em pronunciamento de Saddam na TV iraquiana oficial. “Esta medida é dirigida apenas contra a entidade sionista (referindo-se a Israel) e à agressiva administração dos Estados Unidos, e a ninguém mais”, salientou Saddam. Na semana passada, o Iraque já havia feito um chamado aos países árabes para que suspendessem a exportação de petróleo na tentativa de pressionar os Estados Unidos a forçarem Israel a pôr fim a sua invasão militar aos territórios palestinos. O boicote de petróleo proposto pelo Iraque não deve ter muito efeito se caso a Arábia Saudita e o Kuait não aderirem à suspensão de exportações. Os dois países já haviam criticado a idéia iraquiana de usar o petróleo como arma. Muito países do Golfo têm na venda do petróleo cerca de dois terços de seu faturamento, o que torna praticamente impossível a interrupção da exportação. O Iraque produz 2 milhões de barris de petróleo por dia, o que representa 4% da produção mundial. A Arábia Saudita e o Irã, respectivamente, são os dois maiores exportadores de petróleo do Oriente Médio. O Iraque ocupa a terceira posição. Em novembro de 2000, a Arábia Saudita e outros países árabes fizeram um tipo de promessa à Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) garantindo que não usariam o petróleo como arma política. Dificuldades O secretário-geral da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), o venezuelano Alí Rodríguez, disse à imprensa que o anúncio do regime iraquiano pode levar a uma crise internacional de petróleo. “Com a  suspensão das exportações iraquianas e com as dificuldades de  exportação da Venezuela poderemos estar caminhando para  uma crise de petróleo”, disse Rodríguez em declarações à Rádio Caracas no Catar, onde está em viagem de trabalho. Rodríquez falou sobre a possibilidade de que a Opep aumente as suas quotas para manter a estabilidade do mercado e disse que realizará negociações com os ministros dos países sócios da organização, nas quais, segundo a Agência de Informação de Energia dos Estados Unidos, poderão participar países não membros do cartel.