Ch�vez renuncia e Carmona assume governo da Venezuela
Caracas O presidente interino da Venezuela, Pedro Carmona, 60, tomou posse ontem às 18h (19h em Brasília) no Palácio de Miraflores, em Caracas, após a saída de Hugo Chávez do poder. De acordo com o jornal El Universal, como primeira medida, Carmona de
Por | Edição do dia 13/04/2002 - Matéria atualizada em 13/04/2002 às 00h00
Caracas O presidente interino da Venezuela, Pedro Carmona, 60, tomou posse ontem às 18h (19h em Brasília) no Palácio de Miraflores, em Caracas, após a saída de Hugo Chávez do poder. De acordo com o jornal El Universal, como primeira medida, Carmona decretou a suspensão da Assembléia Nacional, representante do Poder Legislativo no país, e dominada pelos partidários de Chávez, que ocupam 123 das 131 cadeiras. Ele também dissolveu o Congresso e destituiu todos os membros da Suprema Corte e, por decreto, ganhou poderes para dissolver os Poderes em todos os níveis - nacional, estadual e municipal. Segundo um porta-voz de Carmona, o novo Congresso poderá reformar a Constituição, aprovada pela Assembléia em 1999. Carmona também anunciou que as novas eleições legislativas acontecem em dezembro e as presidenciais, em um ano. O novo presidente não poderá se candidatar ao cargo. O novo governo revogou por decreto 49 polêmicas leis estabelecidas no ano passado por Chávez, que lhe concediam poderes especiais e foram aprovadas na época pela Assembléia Nacional. Entre essas leis está a que dispõe sobre Terras, Combustíveis e Pesca, promulgada em outubro passado e que provocou grande rejeição por parte do empresariado, que chegou a convocar com sucesso uma greve geral realizada dia 10 de dezembro, à qual se somaram também os sindicatos. Pressão e mortes Chávez renunciou na madrugada de ontem sob pressão militar e após uma grave crise política e social. Ontem, em uma manifestação contrária à Chávez, pelo menos 15 pessoas foram mortas a maioria vítima de disparos de policiais. Líder de frustrado golpe militar em 1992, o coronel Chávez foi eleito presidente em 1998 numa campanha populista prometendo combater a pobreza, a corrupção e a criminalidade. Sua popularidade, que chegou a 80%, despencou com o fracasso de suas políticas, chegando a menos de 30%. Seu mandato iria até 2007. Chávez hostilizou importantes setores da sociedade civil, como os empresários, a mídia, a Igreja Católica e os sindicatos, e vinha enfrentando crescente descontentamento militar.