Rela��o entre Brasil e EUA n�o muda
A relação entre Brasil e Estados Unidos, marcada por divergências no comércio exterior e acusações de protecionismo de ambas as partes nas negociações para a criação da Alca e em relação à guerra no Iraque, deve continuar no nível formal mantido no primei
Por | Edição do dia 21/01/2005 - Matéria atualizada em 21/01/2005 às 00h00
A relação entre Brasil e Estados Unidos, marcada por divergências no comércio exterior e acusações de protecionismo de ambas as partes nas negociações para a criação da Alca e em relação à guerra no Iraque, deve continuar no nível formal mantido no primeiro mandato, na avaliação de analistas democratas. A América Latina não existe mais e a Alca já acabou, disse Fishlow. Ele acha que o Brasil deveria basear a sua relação com os Estados Unidos na negociação de um acordo de comércio bilateral, para tentar ampliar as exportações para o Brasil sem ter que depender de um acordo mais geral. Roett descreve as relações entre os dois países como cordiais e não acredita que isso vá mudar no segundo mandato do presidente Bush. William Perry concorda: Houve um esforço muito grande para estabelecer um diálogo com um governo com quem francamente temos diferenças ideológicas bastante grandes, afirmou. Mas Joel Velasco diz que a responsabilidade não é apenas dos Estados Unidos e que o Brasil precisa definir que posição deseja ocupar no cenário internacional. O que sempre se pergunta em Washington é o que o Brasil quer fazer nos próximos anos, afirma. Ele acha que a missão liderada pelo Brasil no Haiti é importante para colocar o país numa posição de destaque no cenário internacional, mas as declarações do governo brasileiro de que pode deixar o país levantam dúvidas sobre o comprometimento do Brasil com essas missões. Se o Brasil desistir do Haiti isso pode ser visto como um sinal de que o Brasil fala que quer fazer muita coisa, mas não quer se envolver em coisas com grau de risco muito alto. Quer um assento no Conselho de Segurança da ONU, mas é preciso saber se está disposto a pagar o alto preço de pôr em prática políticas que nem todo mundo gosta. Estas questões devem ser resolvidas do lado do Brasil antes de nos preocuparmos com o que os gringos vão fazer por nós, afirma Velasco. América Latina Tanto republicanos como democratas concordam que a política dos Estados Unidos em relação à América Latina não deve mudar neste segundo mandato do presidente George W. Bush. A diferença é que, enquanto republicanos defendem a política atual e dizem que as relações do país com a região são muito boas, democratas afirmam que a América Latina não é nem será prioridade para o governo americano. A América Latina não tem uma grande prioridade para o governo. Não tinha nos últimos quatro anos e não vai ter nos próximos quatro, afirmou o cientista político Riordan Roett, diretor do programa do Hemisfério Ocidental da Universidade Johns Hopkins, em Washington. Na sabatina de confirmação no cargo pelo Senado, na terça-feira, a secretária de Estado nomeada, Condoleezza Rice, citou a América Latina como uma região onde existe o desafio duplo de incentivar mudanças democráticas ao mesmo tempo em que é preciso atuar contra a pobreza e a desesperança. Ela também citou o Brasil como um parceiro importante na região, mas somente depois de ter sido questionada especificamente sobre a política do governo para a região pelo senador democrata Christopher Dodd. O consultor do Departamento de Estado William Perry discorda que o presidente Bush tenha dedicado pouca atenção à América Latina no primeiro mandato. Pode-se comparar com o ideal e ficar um pouco decepcionado, mas em comparação com o governo Clinton, por exemplo, Bush deu muito mais atenção à América Latina, afirma.