Senado decide futuro de Berlusconi

| AGÊNCIA O GLOBO O governo do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, vai enfrentar um voto de confiança no Senado amanhã, para determinar se continua no poder ou cai, anunciaram líderes partidários da casa. Ainda antes da votação, a crise política ameaça agravar-se, com um importante partido da coalizão que apóia Berlusconi cogitando abandonar o barco, à semelhança da União Democrata Cristã (UDC), legenda menor que desencadeou a turbulência na política italiana na última sexta-feira, ao decidir retirar-se do governo de Berlusconi. A votação no Senado mostrará se Berlusconi ainda consegue controlar uma maioria parlamentar, depois que a UDC, um partido de centro, ter deixado a coalizão. Na segunda-feira, Berlusconi veio público negar que tivesse renunciado, depois de representantes do partido rebelde dizerem que a legenda chegara a um acordo para voltar ao governo, que previa a renúncia do premier para formação de um novo gabinete - por ele mesmo. “Teatro político” A imprensa italiana disse que a manobra de Berlusconi, aceitando o acordo e negando isso publicamente horas depois, era “uma peça clássica de teatro político”. “Berlusconi está agarrando-se à própria liderança, determinado a impor seu próprio senso de ocasião e suas próprias ambições sobre o Parlamento, o presidente e o país”, disse, em editorial, o jornal “Corriere della Sera”, um dos mais influentes da Itália. Se o premier italiano Silvio Berlusconi perder a votação no Senado, o governo vai cair, o que provavelmente levará à antecipação das eleições para junho deste ano - quase um ano antes do previsto. Explicações Berlusconi vai falar nas duas casas do Parlamento hoje, para tentar explicar a confusa situação política, depois de ele ter decidido não apresentar sua renúncia ou a proposta de formação de um novo governo ao presidente da Itália, na segunda-feira. A Aliança Nacional (AN), um dos principais partidos aliados de Berlusconi, discutiu ontem a possibilidade de deixar o governo numa reunião de emergência para debater a crise do Executivo itialiano. A aliança é favorável à renúncia temporária do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi para formação de um novo governo para comandar a Itália. Agora, o premier conta somente com o apoio expresso da Liga Norte, que teme que um novo governo possa paralisar a reforma do Judiciário que vem sendo discutida pelo Parlamento italiano há alguns anos.