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Nº 5759
Internacional

R�ssia recua em cortar g�s da Europa

| Folhapress Com agências internacionais A Rússia se comprometeu ontem a normalizar o fornecimento de gás natural a seus clientes europeus. Alexander Medvedev, vice-presidente da estatal russa do setor, a Gazprom, disse que passaria a injetar um fluxo

Por | Edição do dia 03/01/2006 - Matéria atualizada em 03/01/2006 às 00h00

| Folhapress Com agências internacionais A Rússia se comprometeu ontem a normalizar o fornecimento de gás natural a seus clientes europeus. Alexander Medvedev, vice-presidente da estatal russa do setor, a Gazprom, disse que passaria a injetar um fluxo suplementar de 95 milhões de metros cúbicos daquele combustível no gasoduto que atravessa o território da Ucrânia. O cumprimento da promessa poria fim ao nervosismo político e do mercado energético, provocado pela decisão do presidente Vladimir Putin de cortar o suprimento de gás aos ucranianos. Com o fechamento das torneiras, outros países que dependem do gasoduto sofreram uma queda na entrega de 14% a 50%. A situação caótica foi criada pelo fracasso, no sábado, das negociações para a definição de novas tarifas para o mercado ucraniano. A estatal Gazprom queria que a Ucrânia pagasse US$ 230 por 1.000 metros cúbicos, em lugar dos US$ 50 que vinham sendo cobrados. A empresa acusou ontem a Ucrânia de ter no domingo retirado ilegalmente do gasoduto que atravessa seu território 100 milhões de metros cúbicos, acusação que Kiev qualificou de improcedente. A intenção de normalizar a situação com outros clientes também foi revelada ontem, na Hungria, pelo ministro da Economia e Transporte, Janos Koka. Ele disse que a Rússia se comprometeu “a voltar ao nível anterior de 100% do abastecimento”. O governo húngaro acerta sua posição com o eslovaco, com o tcheco e com o polonês, para que todos cheguem amanhã a Bruxelas com uma posição comum no encontro da União Européia que tratará do problema. O ministro alemão da Economia, Michael Glos, disse que a Rússia “deveria agir com responsabilidade”, na declaração mais crítica à decisão de Putin. Ele também afirmou que a Alemanha apenas fecharia novos contratos com a Rússia caso tivesse a certeza de que não sofreria interrupções no fluxo de entrega. Os alemães são os maiores importadores de gás russo (36 bilhões de metros cúbicos, em 2004), que por sua vez representa cerca de um quarto do consumo daquele combustível dentro da Europa. As duas maiores empresas distribuidoras no mercado alemão, a Wintershall e a Ruhrgas, disseram registrar uma queda na pressão do gás vindo da Rússia, mas não quantificaram essa perda. Os alemães têm estoque para 75 dias. ### Disputa pode pressionar preços no Brasil JANAINA LAGE Folha Online Rio de Janeiro - O agravamento de uma eventual crise do gás na Europa em razão da disputa de preços entre Rússia e Ucrânia teria efeito restrito no Brasil. Segundo analistas, não há riscos de problemas no fornecimento, mas o País poderia sofrer com um aumento do preço do gás importado. Diferentemente de outras commodities, não existe propriamente um mercado internacional de gás. A maioria dos contratos é fechada por meio de acordos bilaterais. No caso do Brasil, que importa cerca de 28 milhões de metros cúbicos por dia, o contrato fechado com a Bolívia prevê reajustes a cada três meses com base nos preços praticados no mercado internacional de uma cesta de óleos. Se a disputa de preços entre Rússia e Ucrânia resultar numa crise prolongada de fornecimento de gás na Europa, existe a hipótese de substituição do produto pelo óleo combustível. Nesse caso, os preços seriam pressionados e o reajuste previsto no contrato com a Bolívia seria maior. O gás da Bolívia abastece as distribuidoras da região Sul e dos estados de São Paulo e de Mato Grosso do Sul. Esta hipótese representa um cenário de extrema gravidade porque exigiria a adaptação de equipamentos residenciais e industriais ao óleo combustível, além de significar a opção por um combustível mais poluente. Analistas avaliam a briga pelo preço como uma discussão política. “A questão do território é fundamental neste mercado. Existem limitações geográficas e a maior parte do transporte é feita por gasoduto”, explica o professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, Helder Queiroz. ### Inverno rigoroso agrava crise do gás FOLHAPRESS Com agências internacionais A situação é mais delicada na Sérvia, que não dispõe de tanques de armazenamento e cujo fornecimento foi cortado pela metade. O vice-presidente da Srbija Gas, Aleksandar Kosadinovic, anunciou de forma indireta o racionamento, ao afirmar que a prioridade de consumo já estava sendo dada a hospitais e escolas. Nesse e em outros países a situação é delicada em razão do papel do gás na calefação de domicílios e locais públicos, num inverno que tem sido particularmente duro. Em Kiev, capital da Ucrânia, a temperatura mais baixa foi ontem de 6ºC negativos. Em Viena, a mínima foi de 5ºC negativos. A Polônia, também dependente do gás russo, recebeu ontem 14% a menos do combustível, bem mais que o corte da metade registrado no domingo. Seu ministro da Economia disse que o país tem estoques para sete ou oito dias. A Mondova, pequena ex-República soviética, enfrenta problema semelhante ao da Ucrânia. Os russos querem que o gás que lhe é fornecido passe de US$ 80 a US$ 160 por 100 mil metros cúbicos. A Romênia, com um corte de 30% no abastecimento, acredita que seus estoques não estejam comprometidos, já que desde domingo não se registram temperaturas tão baixas quanto as da semana passada. Na Áustria, o conglomerado energético OMV disse estar recebendo um terço de gás a menos pelo gasoduto ucraniano. A gigante italiana de gás ENI tem outras fontes de fornecimento. Mesmo assim, informou ontem que está recebendo 24% a menos do combustível russo. Na Grécia, Turquia e República Tcheca o fluxo sofreu variações insignificantes.

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