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Nº 5759
Internacional

Chile vai �s urnas em clima de apatia

| FOLHAPRESS Carolina Vila-Nova O Chile encerrou o período de campanha para as eleições presidenciais de hoje em um clima de apatia e baixa temperatura, explicado em parte pela percepção de estabilidade e de falta de conflitos evidentes no país. Às vé

Por | Edição do dia 15/01/2006 - Matéria atualizada em 15/01/2006 às 00h00

| FOLHAPRESS Carolina Vila-Nova O Chile encerrou o período de campanha para as eleições presidenciais de hoje em um clima de apatia e baixa temperatura, explicado em parte pela percepção de estabilidade e de falta de conflitos evidentes no país. Às vésperas da votação, uma das notícias com maior destaque na rádio e na TV, desde o dia anterior, era a venda de ingressos para o show do grupo U2 em Santiago, que mobilizou centenas de fãs e cujas entradas mais caras foram vendidas em questão de horas. Os chilenos elegem, em segundo turno, seu novo presidente para um período de quatro anos. A escolha é entre a médica socialista Michelle Bachelet, da coalizão de centro-esquerda Concertação, e o empresário milionário Sebastián Piñera, da Aliança pelo Chile, coalizão de direita. “[Esse clima] se explica porque o Chile é um país muito estável e, apesar de os candidatos representarem coalizões diferentes, no fundo suas propostas não são muito distintas. Então o que os chilenos comuns pensam é que sua vida não vai mudar muito radicalmente se um ou outro sair eleito”, avaliou o analista Roberto Méndez, diretor da empresa de opinião pública Abimark. “Ninguém vê em jogo seu destino, sua prosperidade. Evidentemente, as pessoas têm preferências, mas não existe no Chile a paixão e o confronto que se verificava em décadas passadas quando talvez estivessem em jogo coisas mais importantes”, afirmou. Para Méndez, esse cenário tem lados positivos e negativos. “É ruim porque há essa frieza e esse alheamento à política, por parte das pessoas, mas por outro lado é bom para o país porque assegura estabilidade e que as coisas vão continuar funcionando independentemente do eleito. Provavelmente é o símbolo de um país maduro, mais do que o de um país jovem onde haja muita comoção e confrontos.” Apesar da apatia, Bachelet reuniu cerca de 200 mil pessoas, segundo cálculo da Concertação, em showmício na noite de quinta-feira, em Santiago. ### Expectativa mobiliza esquerda no país AGÊNCIA O GLOBO A expectativa de uma vitória da socialista Michelle Bachelet, nas eleições chilenas de hoje, fez com que o debate político de sexta-feira se voltasse mais para o cenário externo do que para a movimentação política nas últimas horas antes da escolha do sucessor de Ricardo Lagos. O comício de encerramento de campanha — que reuniu mais de 150 mil pessoas e parou o centro da capital chilena, contra apenas cerca de dez mil no ato final do candidato da oposição, Sebastián Piñera — encheu de otimismo a esquerda do país, no momento em que vários países da região optaram por candidatos desta tendência política. Mas uma entrevista do ex-presidente do governo espanhol, Felipe González, que está no Chile para apoiar Bachelet, trouxe à tona uma outra discussão: de que esquerda se está falando? Perguntado pelo jornal El Mercurio sobre a “esquerdização da América Latina”, González provocou: “Não estou certo de que está ocorrendo uma virada para a esquerda, no sentido como a entendo. Sinto-me próximo de uma esquerda como a representada por Lagos ou Bachelet, inclusive a que representa Lula, mas não me sinto próximo do que aparece como esquerda quando é defendida por Chávez”. Para o espanhol, o que “agora se conhece como esquerda” na América Latina é um “rechaço” a Washington. ### Direita troca acusações internamente Outro fator que fez o debate se voltar para a política externa foram as declarações do candidato à Presidência do Peru, Ollanta Humala, líder nas pesquisas. “Creio que há uma política do governo chileno de prepotência e de se aproveitar da debilidade da classe política peruana. Vamos atuar contra a classe política que, de forma prepotente, irrompe em meu país e tem atitudes de donos da casa”, disse Humala. Recentemente, o Congresso peruano aprovou uma mudança nas fronteiras marítimas entre Peru e Chile, medida que não foi aceita por Santiago. A relação entre os países também piorou após ser revelado que o Chile vendeu armas para o Equador durante a guerra entre este país e o Peru, em 1995. O Chile também tem problemas externos com outros países que se voltaram para a esquerda. A Bolívia insiste em conseguir uma saída para o mar, perdida para o Chile no século XIX. O presidente eleito, Evo Morales, disse que só negociará a venda de gás para o Chile após esta questão ser resolvida. Chávez apoiou. Internamentre, a sexta-feira foi de troca de acusações, ainda que não em público, na Aliança para o Chile, de direita. A Renovação Nacional, de Piñera, reclamou da pouca participação da UDI (direita pinochetista) na campanha do segundo turno. O clima esquentou na direita depois que a última pesquisa deu vitória de seis pontos porcentuais para Bachelet.

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