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Nº 5759
Internacional

Argentina e Uruguai entram em crise

| Estadão Online Buenos Aires - Um pesqueiro argentino que navegava pelo rio Uruguai foi alvo de tiros disparados da margem uruguaia do rio segunda-feira passada. A denúncia foi realizada na Delegacia Naval de Concepción, cidade argentina sobre a margem

Por | Edição do dia 22/02/2006 - Matéria atualizada em 22/02/2006 às 00h00

| Estadão Online Buenos Aires - Um pesqueiro argentino que navegava pelo rio Uruguai foi alvo de tiros disparados da margem uruguaia do rio segunda-feira passada. A denúncia foi realizada na Delegacia Naval de Concepción, cidade argentina sobre a margem ocidental do rio Uruguai. Os agressores, segundo suas supostas vítimas, teriam gritado: “argentinos de m...vão pescar em suas margens!”. O tiroteio acrescentou mais turbulência ao tenso clima que a Argentina e o Uruguai vivem nas últimas semanas. Polêmica Os governos dos presidentes Tabaré Vázquez, do Uruguai, e Néstor Kirchner, da Argentina, estão mergulhados em uma escalada diplomática cujo pivô é a polêmica construção, do lado uruguaio da fronteira sobre o rio Uruguai - que separa os dois países -, de duas grandes fábricas de celulose. O governo Kirchner alega que as empresas são altamente poluentes e que prejudicarão a produção agrícola da província de Entre Ríos, na fronteira, além da psicultura, do turismo e a saúde dos habitantes da região. Kirchner pediu ao Banco Mundial que não forneça créditos para a construção das fábricas e solicitou, ao Parlamento argentino, que aprove o pedido de uma abertura de um processo contra o Estado uruguaio na Corte Internacional de Haya. Já o governo Vázquez afirma que as empresas não são poluentes. Crise uruguaia Existem investimentos previstos na ordem de US$ 1,8 bilhão, uma quantia substancial para a economia uruguaia, que se recupera de cinco anos de crise (1999-2003). Ambas as fábricas proporcionarão milhares de empregos diretos e indiretos, e equivalem a 13% do PIB do país. Pontes bloqueadas Kirchner complicou o cenário ao declarar um enfático respaldo aos habitantes da fronteira, que há duas semanas bloqueiam os acessos a duas das três pontes que ligam a Argentina com o Uruguai. Do lado uruguaio, afirma-se que os argentinos estão violando o espírito de livre circulação de mercadorias do Mercosul. Além disso, os uruguaios acusam os manifestantes argentinos da fronteira e os ecologistas de estarem realizando um virtual “bloqueio econômico” contra o Uruguai. O país já está sofrendo prejuízos pela redução drástica de caminhões que levam exportações uruguaias, como a carne, para o mercado chileno. Poluição Ambiental Ontem, o procurador-geral da República da Argentina, Esteban Righi, recebeu uma denúncia do governador Jorge Busti, da província de Entre Ríos (na fronteira com o Uruguai), que acusa as empresas que constroem as fábricas - a espanhola Ence e a finlandesa Bótnia - de “tentativa de poluição ambiental”. Ontem o Senado e a Câmara de Deputados debateram o pedido do presidente Kirchner para levar o Uruguai aos tribunais de Haya. Os analistas políticos destacam que a crise chegou a tal ponto de impasse que nenhum dos dois presidentes pode recuar sem que isso implique em uma derrota política perante a opinião pública de seus respectivos países.

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