Internacional
Crise argentina leva crian�as a comer gato e rato

Buenos Aires O jornal Página 12, um dos mais importantes da Argentina, mostrou ontem da maneira mais impiedosa possível as conseqüências da crise econômica do país. Em reportagem de capa, o diário contou a história das crianças de Quilmes, uma cidade localizada a poucos quilômetros de Buenos Aires, que já há algum tempo vêm comendo gatos, ratos, sapos e cavalos para sobreviver. Quilmes tem indicadores sociais ainda piores do que os do resto do país. Segundo o Indec (o IBGE local), 55% de seus moradores são pobres e 24% são indigentes. Entre a população economicamente ativa, 38% estão desempregados e 48% têm algum tipo de trabalho informal. O jornal afirma que, em uma favela da cidade, a maioria das crianças come uma vez ao dia, na escola. Por isso, os gatos teriam virado a única opção. Segundo Pepe, um dos moradores, o gato exige paciência, porque tem de ser assado em fogo baixo durante uma hora. Ele completa: Pode ser condimentado com alho. Os cavalos também estariam desaparecendo. Partes do animal podem ser encontradas no açougue da localidade. Para Ariel, uma criança que mora na favela, o cavalo é mais gostoso que o sapo. Até os ratos teriam se transformado em alimento. Os animais são apanhados pelas crianças com sacolas. Segundo os moradores, ele precisa ser lavado com água sanitária antes de ser levado ao fogo para evitar doenças. Fora das grades O ex-ministro da Economia da Argentina Domingo Cavallo foi libertado pela Justiça ontem após permanecer 65 dias preso por suposto envolvimento em contrabando de armas para a Croácia e o Equador entre 1991 e 1995. Há exatamente um ano, o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999) havia iniciado um período de cinco meses de detenção em prisão domiciliar pelo mesmo motivo. Cavallo, 55, estava preso por ordem do juiz federal Julio Speroni porque assinou, como então ministro da Economia, os decretos que permitiam a venda de armas para o Panamá e a Venezuela que teriam sido desviadas para a Croácia e o Equador. Ele era acusado de negligência no controle alfandegário para o embarque dos carregamentos. No entanto, três juízes, ontem, revogaram a prisão preventiva por falta de provas. Além disso, determinaram que Speroni se abstenha de contestar injustificadamente a decisão.