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Encontrado cr�nio de homem que viveu h� 7 milh�es de anos

Paris Os restos de um hominídeo de 7 milhões de anos considerado o mais antigo representante da humanidade conhecido e próximo aos mais recentes antepassados comuns do chimpanzé e do homem foram desenterrados por uma missão de paleontólogos franco-chadiana no norte do deserto do Chade (África saheliana), anuncia a revista Nature na edição que circulará hoje na França. A descoberta leva a assinatura de 40 cientistas internacionais. O paleontólogo norte-americano Bernard Wood, da George Washington University (Washington, EUA), afirma, num comentário na revista, que o achado poderá mudar fundamentalmente a maneira como reconstruímos a árvore da vida. O fóssil, que compreende um crânio quase completo e fragmentos da mandíbula inferior e três dentes, recebeu a denominação científica de Sahelanthropus tchadensis (Homem do Sahel de Chade), informaram os cientistas da missão, dirigida por Michel Brunet, professor da Universidade de Poitiers. O crânio foi encontrado em julho de 2001 por Ahounta Djimdoumalbaye, da Universidade de Ndjamena, tendo sido batizado de Toumaï (esperança de vida em língua goran), nome dado pelos habitantes do deserto de Djourab lugar da descoberta, 800 km ao norte de Ndjamena às crianças que nascem antes da estação seca. Toumaï, dizem os cientistas, possui um mosaico original de caracteres primitivos e derivados que permitem considerá-lo próximo ao último ancestral comum dos chimpanzés e dos humanos, mas também como o ancestral dos hominídeos mais recentes. Toumaï viveu num ambiente composto por um mosaico de florestas, savanas e pradarias muito diferentes da atual paisagem, coberta de dunas. Um estudo realizado paralelamente ao exame deste fóssil, sob a direção de Patrick Vignaud, da Universidad de Poitiers, que aparece em outro artigo da Nature, revela que, em seu meio, Toumai encontrava carnívoros, cavalos tridáctilos, elefantes, antílopes, hipopótamos. Ao todo, mais de 700 restos de animais variados foram encontrados perto de Toumai. O grau evolutivo destes animais permitiu a datação indireta do fóssil principal. Pelo menos há 7 milhões de anos a região conheceu uma sucessão de fases úmidas, associadas a um megalago Chade, e fases áridas, associadas ao deserto. Atualmente, esta região é desértica e o Lago Chade só ocupa uma superfície de 5.000 quilômetros quadrados, enquanto no passado possuía uma área inundada de até 400 mil km² de terras, ou seja, 80% da superfície de um país como a França.