Uruguai
Uruguai se despede de Mujica com cortejo e velório aberto ao público
Ex-presidente é velado no Palácio Legislativo; hoje haverá despedida solene com líderes internacionais


O Uruguai começou a se despedir oficialmente do ex-presidente José “Pepe” Mujica, morto na terça-feira após uma batalha de mais de um ano contra um câncer de esôfago. O corpo do ex-presidente chegou ao edifício da Presidência uruguaia ontem, de onde seguiu em cortejo pela capital do “paisito”, chegando pouco depois das 13h no Palácio Legislativo.
Os restos mortais do ex-presidente serão cremados hoje, após um velório público e uma cerimônia de despedida que deve reunir autoridades estrangeiras — e que, segundo um jornal uruguaio, foi postergada de 15h para às 17h para que o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, pudesse chegar de sua viagem a Pequim.
O presidente uruguaio, Yamandú Orsi, acompanhou a viúva de Mujica, Lucía Topolansky, no início da cerimônia e foi o responsável por colocar a bandeira do país sobre o caixão do ex-presidente, que foi transportado em uma carruagem puxada por seis cavalos.
O caixão chegou por volta das 9h30 à sede da Presidência, e passou em cortejo por locais-chave na trajetória política de Mujica, como as sedes dos movimentos de Libertação Nacional (MLN) e de Participação Popular (MPP), e do partido Frente Ampla, antes de chegar ao Palácio Legislativo. A presidente da Assembleia Geral, Carolina Cosse, emitiu um comunicado afirmando que “todos os eventos programados nos salões do Palácio Legislativo estão suspensos até novo aviso” em razão do evento solene.
Em frente ao edifício da Presidência uruguaia, na área da Praça Independência, centenas de ativistas se reuniram para o início do cortejo fúnebre. Integrantes do Movimento de Participação Popular (MPP) chegaram vestindo camisetas pretas com uma estampa branca nas costas com uma frase popular de Mujica: “No me voy, estoy llegando” (“Eu não vou embora, estou chegando”).
O governo uruguaio decretou três dias de luto nacional pela morte de Mujica — um ex-guerrilheiro que ficou famoso pelo estilo de vida austero, fiel à sua retórica anticonsumista, e se tornou líder da esquerda na América Latina.
O corpo de Mujica chegou ao Palácio Legislativo pouco depois das 13h, mas o momento inicial foi reservado a familiares e autoridades. O velório público foi aberto às 14h30. Nesta quinta-feira está prevista uma cerimônia final às 17h, que deve reunir figuras políticas próxima ao ex-líder uruguaio. De acordo com o jornal “El Observador”, o cronograma inicial foi alterado para que Lula possa chegar da China.
Lula confirmou presença, enquanto também são esperados o premier da Espanha, Pedro Sánchez, e a ex-presidente argentina Cristina Kirchner. A cerimônia de cremação deve ser reservada a familiares, enquanto o destino final das cinzas, a pedido do próprio Mujica, deve ser em um local do sítio onde morava, ao lado de Manuela, sua cadela de três patas.
Ao longo do trajeto pela capital uruguaia, faixas e grafites produzidos por movimentos de mobilização políticas próximos ao ex-presidente mandavam mensagens a Mujica. “A vida se vai, as causas ficam, Pepe”, lia-se em um grafite pintado em um muro. “Até sempre, querido velho”, dizia uma faixa.