NEGOCIAÇÕES TRAVADAS
Trump diz que Rússia vai reagir a ataques da Ucrânia
Presidente dos Estados Unidos conversou ontem (4) com Vladimir Putin


Após conversa com Vladimir Putin, o presidente americano, Donald Trump, disse ontem (4) que o presidente da Rússia lhe afirmou que responderá ao mega-ataque aéreo recente da Ucrânia, que atingiu pontos de leste a oeste do país, até a Sibéria, e deixou ao menos 40 aeronaves russas em chamas no último domingo. Ainda segundo Trump, apesar da “boa conversa” com Putin, um cessar-fogo do conflito ainda está distante de ser concretizado.
“Eu acabei de falar, por telefone, com o presidente Vladimir Putin, da Rússia. A ligação durou aproximadamente uma hora e 15 minutos. Discutimos o ataque aos aviões russos, pela Ucrânia, e outros ataques que têm acontecido em ambos os lados. Foi uma boa conversa, mas não uma que levará à paz imediata. Presidente Putin disse, e firmemente, que ele terá de responder ao recente ataque nos campos de aviação”, escreveu Trump na Truth Social.
Chamada de Operação “Teia de Aranha”, o ataque ucraniano causou prejuízos bilionários a Moscou, sobretudo na Força Aérea russa. Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, os drones ucranianos atacaram aeródromos em cinco regiões que se estendem por cinco fusos horários.
Várias aeronaves pegaram fogo em Murmansk, na região ártica perto da fronteira com a Noruega, e Irkutsk, no leste da Sibéria, informou a pasta, que chamou a ação de “ataque terrorista”. Ainda segundo as autoridades russas, outros bombardeios foram repelidos nas bases de Ivanono, em Ivanov, e Diagilevo, em Riazan, sem apontar qual seria a quinta base. Não houve vítimas, disseram.
Os ataques ucranianos abriram um debate nacional sobre qual deve ser a reação de Moscou para restabelecer sua imagem de soberania militar. Interlocutores russos afirmam que o ataque massivo deve ser interpretado pelo Kremlin como um sinal verde para o uso do arsenal nuclear do país — uma hipótese que foi aventada ao longo do conflito, mas sempre com um contorno maior de ameaça do que de execução.
NEGOCIAÇÕES TRAVADAS
A ofensiva da Ucrânia ocorreu às vésperas de os países se reunirem novamente em Istambul, na segunda (9), para negociar um acordo de cessar-fogo e no mesmo dia em que Moscou realizou um megabombardeio com drones e atingiu uma base de treinamento militar ucraniana, matando ao menos 12 soldados e ferindo outros mais de 60.
A reunião, que durou menos de duas horas, não rendeu um acordo de cessar-fogo, mas as partes concordaram em trocar todos os seus prisioneiros de guerra gravemente feridos e os menores de 25 anos, além de 6 mil corpos de soldados de cada lado.
A delegação russa também apresentou aos ucranianos um memorando sobre “os meios para estabelecer uma paz duradoura” e as medidas necessárias “para alcançar um cessar-fogo abrangente”, disse o negociador-chefe russo, Vladimir Madinsky. De acordo com o memorando, publicado por agências de notícias russas, Moscou pediu a Kiev que retirasse suas tropas das quatro regiões ucranianas cuja anexação a Rússia reivindica, como pré-condição para qualquer cessar-fogo abrangente.
Por sua vez, os ucranianos pressionam por uma trégua incondicional e imediata de 30 dias, tendo divulgado sua última proposta a Moscou nas negociações de paz em Istambul na segunda-feira.