Protestos
Discurso violento de Trump inflama tropas contra cidadãos americanos
Presidente dos EUA prometeu aos militares armas para aniquilar inimigos e a ideologia “woke”


No que foi considerado o discurso mais belicoso do seu segundo mandato, o presidente Donald Trump se portou como um comandante de guerra, diante de militares no Fort Bragg, ao iniciar as comemorações dos 250 anos do Exército dos EUA.
No caso, o inimigo imaginário relatado pelo presidente americano aos soldados está dentro do país, mais precisamente em Los Angeles, na Califórnia, uma cidade descrita como incendiada, que ele prometeu libertar para “torná-la limpa e segura novamente”.
Trump, finalmente, vai ao encontro do inimigo interno propagado por ele em tantos comícios eleitorais. Para isso, não descartou invocar a Lei da Insurreição, promulgada em 1807, que lhe dá poderes para mobilizar as forças armadas quando for necessária a repressão da agitação civil.
A instalação militar na Carolina do Norte foi palco do discurso político do presidente dos EUA. Repleta de exageros, a realidade alternativa de Trump visa a alcançar agora uma força apartidária com o objetivo de militarizar um reduto democrata. “Não permitiremos que uma cidade americana seja invadida e conquistada por um inimigo estrangeiro. É isso que eles são.”
À medida que Los Angeles enfrenta toque de recolher e os protestos contra a política migratória do governo se alastram por outras cidades, como Nova York, Chicago e Atlanta, o presidente incrementa a retórica violenta e testa a competência das instituições.
O grito de guerra de Trump em Fort Bragg pareceu contagiar os soldados, que ovacionaram o presidente, gritando o seu nome. A eles, o presidente prometeu armas para aniquilar inimigos e a ideologia “woke” —termo utilizado por conservadores para se referir a políticas progressistas.
Os confrontos em Los Angeles são o pretexto para Trump posar de herói para o seu movimento Maga (do “Make America Great Again”, ou “Faça os EUA grandes novamente”, em português), decretando a mobilização de 4 mil soldados da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais. Seu alvo é o governador da Califórnia, Gavin Newsom, a quem acusou, juntamente com a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, de subornar manifestantes, agitadores e insurgentes.
ACORDO COM A CHINA
Trump anunciou ontem (10) nas redes sociais que o acordo comercial com a China foi fechado depois de dois dias de negociações entre as delegações dos países em Londres. Ainda é necessária a aprovação final do próprio Trump e do presidente chinês, Xi Jinping.
Trump explicou em um post na sua rede Truth Social que, pelo acordo, a China vai fornecer ímãs e terras raras aos EUA. Os EUA, por sua vez, permitirão que estudantes chineses estudem em instituições de ensino americanas. Autoridades chinesas ainda não comentaram o assunto.
Ontem, em Londres, as delegações anunciaram que haviam chegado a um acordo. O tratado, segundo elas, referenda o consenso a que os dois países haviam chegado em reuniões em Genebra no mês passado.