Ajuda humanitária
Grupo de 26 países pede desbloqueio de ajuda a Gaza
Governo britânico diz que sofrimento na região atingiu níveis inimagináveis


Um grupo de 26 países e a União Europeia afirmou ontem que “o sofrimento humano em Gaza atingiu níveis inimagináveis” e pediu a Israel o desbloqueio total da ajuda humanitária no território, na entrada de suprimentos e na atuação de ONGs.
O comunicado ocorre após o governo israelense ter aprovado um plano para tomar a Faixa de Gaza, iniciando pela ocupação da Cidade de Gaza, na região central do território palestino, que abriga cerca de um milhão de pessoas. A expansão militar de Israel é motivo de preocupação internacional.
“O sofrimento humanitário em Gaza atingiu níveis inimagináveis. A fome está se instalando diante de nossos olhos. É necessária uma ação urgente agora para interromper e reverter a inanição. O espaço humanitário deve ser protegido, e a ajuda nunca deve ser politizada”, afirmou o grupo em comunicado conjunto publicado pelo governo britânico.
O grupo pediu que Israel “desbloqueie a ação de atores humanitários essenciais” e a retirada de “novas exigências restritivas” —porém sem explicitar quais— impostas a ONGs, que podem as forçar a deixar os Gaza em breve.
Os países também afirmaram que “medidas imediatas, permanentes e concretas devem ser tomadas para facilitar o acesso seguro e em larga escala para a ONU, ONGs internacionais e parceiros humanitários”, entre elas o restabelecimento de todas as rotas humanitárias no território.
O comunicado foi assinado por ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, França, Japão, Austrália, Canadá, outros países europeus e altas autoridades da União Europeia.
Também ontem, a Organização Mundial da Saúde afirmou querer uma maior entrada de suprimentos em Gaza antes do início da operação israelense para tomar a Cidade de Gaza, anunciada por Israel na semana passada.
Israel está sofrendo uma crescente pressão internacional pelo aumento da ajuda humanitária distribuída em Gaza, por conta de um cenário de “fome em massa” entre os palestinos e pelos planos de tomar o território. O mesmo grupo de países que emitiu comunicado nesta terça já denunciou distribuição de comida “a conta-gotas”. Israel, por sua vez, afirma que “há comida e não há desnutrição generalizada” em Gaza.
Netanyahu confirmou na quinta-feira, em entrevista à TV americana “Fox News” planos de ocupar a totalidade da Faixa de Gaza ao final da guerra, mas disse não ter a intenção de anexar o território, e sim estabelecer um “perímetro de segurança”.
Segundo a mídia israelense, a nova investida terá duração prevista de quatro a cinco meses e terá como foco conquistar “novas e vastas” áreas da Cidade de Gaza, com ordens de evacuação à população local e, em seguida, operações militares com tanques de guerra em busca do grupo terrorista Hamas, em locais incluindo campos de tendas de refugiados pela guerra.
A expansão da ofensiva contra o Hamas em Gaza, que já conta com uma operação terrestre robusta desde outubro de 2023 e que se intensificou ao longo do tempo, ocorre após a divulgação de vídeos de reféns israelenses em estado esquelético, o que enfureceu o governo israelense. Um dos reféns afirmou em vídeo “estar à beira da morte”, e outro apareceu cavando sua própria cova.