Negociações
Trump inicia preparativos para reunião entre Putin e Zelensky
Presidente dos EUA ligou para líder russo após se reunir com ucraniano na Casa Branca


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ligou ontem para o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e disse estar preparando uma reunião trilateral entre os dois e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, em data e local ainda não acertados.
O Kremlin tratou o eventual encontro entre Putin e Zelensky como uma “ideia”, e afirmou que gostaria de envolver funcionários de alto escalão em um primeiro momento.
A fala de Trump ocorreu após reuniões com Zelensky e sete líderes europeus de alto escalão na Casa Branca. Enquanto Trump mostrou otimismo para o fim da guerra da Ucrânia, Zelensky e os demais europeus manifestaram ceticismo —eles querem uma garantia de que a Rússia não volte futuramente a invadir a Ucrânia.
“Durante o encontro, discutimos as garantias de segurança para a Ucrânia, que seriam fornecidas por vários países europeus, em coordenação com os Estados Unidos. Todos estão muito felizes com a possibilidade de PAZ para Rússia/Ucrânia. Ao final das reuniões, liguei para o presidente Putin e iniciei os preparativos para um encontro, em local ainda a ser definido, entre Putin e o presidente Zelensky. Após essa reunião acontecer, teremos um encontro trilateral, com os dois presidentes e eu”, afirmou Trump em sua rede social Truth Social.
PRESSÃO
Durante o encontro com Trump, os líderes europeus pressionaram o presidente americano para que um possível acordo que ponha um fim à guerra, iniciada em 2022 com uma invasão russa, tenha robustas garantias de que a Rússia não voltaria a atacar, porque afeta a segurança de todo o continente europeu. O encontro se deu três dias depois de Trump e Putin se reunirem na Alasca.
Estavam presentes Emmanuel Macron (presidente da França), Keir Starmer (premiê do Reino Unido), Friedrich Merz (chanceler da Alemanha), Ursula von der Leyen (chefe da Comissão Europeia), Mark Rutte (chefe da Otan), Giorgia Meloni (premiê da Itália) e Alexander Stubb (presidente da Finlândia).
“Tivemos um dia de muito sucesso até o momento”, afirmou Trump no início da reunião com os líderes europeus e Zelensky, sem dar mais detalhes. O presidente americano disse achar que “chegaremos a um comum acordo hoje”, em referência aos aliados europeus.
Trump disse buscar aparar as arestas com os aliados europeus nesta segunda para voltar a consultar Putin. “Em uma ou duas semanas vamos saber se vamos conseguir ou não resolver os combates terríveis”, disse. O presidente americano disse querer a reunião trilateral o “quanto antes”, e a esperança é que ela acontecesse até o final de agosto, afirmou uma fonte da Casa Branca ao site americano “Axios”.
GARANTIAS
Trump disse a Zelensky que os EUA estão prontos para prover garantias de segurança à Ucrânia, e que esse é um dos temas centrais do encontro desta segunda. Segundo os EUA, Putin concordou que, em um eventual acordo de cessar-fogo, os EUA e aliados europeus poderiam proteger a Ucrânia em um formato parecido com o Artigo 5 da Otan, que prevê defesa mútua em caso de ataque.
Os líderes europeus, no entanto, pediram a Trump por maiores garantias de segurança contra novos ataques da Rússia após um eventual acordo de cessar-fogo, e reforçaram que a segurança da Ucrânia é fundamental toda a Europa.
Macron e Merz fizeram apelos por um cessar-fogo imediato no conflito. O presidente francês disse a Trump que as negociações pelo fim da guerra na Ucrânia afetam todo o continente europeu, por isso pediu que líderes europeus sejam incluídos na cúpula tripartite que o líder americano planeja com Putin e Zelensky.
Meloni, por sua vez, disse que uma das perguntas mais importantes no momento é “como ter certeza de que isso [invasão russa] não acontecerá novamente, o que é a condição prévia de qualquer tipo de paz”.
Trump se reuniu primeiro com Zelensky, e depois os líderes europeus se juntaram a eles. A presença de diversos líderes europeus na Casa Branca simboliza uma união em busca de garantias concretas de segurança diante da ofensiva russa, que ameaça todo o continente. Além disso, havia uma preocupação com possíveis ataques verbais de Trump a Zelensky.
O encontro dessa segunda entre Trump e Zelensky teve tom menos tenso do que o anterior, quando em 28 de fevereiro eles bateram boca e o ucraniano foi hostilizado pelos anfitriões. Todos adotaram um tom mais consensual, apesar de ainda haver diferenças a serem tratadas.